Barack Obama encontrou-se com o Dalai Lama na Casa Branca
(19/2/2010) O Presidente Barack Obama encontrou-se ontem com o Dalai Lama na Casa
Branca, após ter evitado um encontro com o líder espiritual tibetano em 2009 para
não irritar o Governo chinês na véspera da sua deslocação a Pequim. Mas o encontro
não deixará de ser pretexto para comentários duros de Pequim num momento em que as
relações sino-americanas conhecem uma situação de grande tensão, devido às vendas
de armas dos EUA a Taiwan, a divergências comerciais e à censura da Internet por parte
das autoridades chinesas. A reunião decorreu na Sala dos Mapas - para marcar o
seu carácter oficioso - em vez da Sala Oval - onde são recebidos os dirigentes internacionais
- à porta fechada, não tendo a Casa Branca permitido a presença de jornalistas. No
final do encontro, foi divulgada uma foto oficial com os dois Nobel da Paz, Obama,
em 2009, e o Dalai Lama, em 1989. O dirigente tibetano encontrou-se depois com
a Secretária de Estado Hillary Clinton no edifício daquele Departamento. Obama
terá expressado "o mais firme apoio à preservação da identidade religiosa, cultural
e linguística específica do Tibete e à protecção dos direitos humanos dos tibetanos
na República Popular da China", explicou mais tarde o porta-voz do Presidente, Robert
Gibbs. O mesmo Gibbs sublinhou que Barack Obama elogiou a "via intermédia do Dalai
Lama, a sua opção pela não violência e pelo diálogo com o Governo chinês". O dirigente
tibetano abdicou da reivindicação de independência em troca de uma autonomia cultural
para o território. Pequim sempre manteve a posição de que o Tibete - que esteve dividido
em vários reinos, que foi Estado independente e esteve ocupado, total ou parcialmente,
por tropas chinesas ao longo da sua história - é parte integrante da China. O
facto de Obama e do Dalai Lama, como referiu o porta-voz do primeiro, terem sublinhado
a importância de uma solução pacífica para a questão, ligada à necessidade de "um
bom relacionamento e cooperação entre os EUA e a China" não será suficiente para tranquilizar
Pequim. Num momento de crise económica, Pequim agitou de imediato o cenário de
congelamento de contratos com empresas americanas envolvidas na venda de armas ao
Governo de Taipé e sanções nas relações económicas bilaterais. Mas, ontem, analistas
sublinhavam que EUA e a China têm mais a ganhar em manter a cooperação do que enveredar
pela senda do confronto.