A verdadeira justiça para o cristão não consiste na obediência a normas mas no amor
criativo: O Papa durante a visita ao Seminário Maior de Roma
(13/2/2010) O cristianismo não é um moralismo, não somos nós que devemos fazer algo
que Deus espera. Aquilo que somos devemos sê-lo também no nosso agir: não podemos
limitar-nos a obedecer a uma lei exterior. E tão pouco nos é pedido um moralismo
heróico. Foi o que afirmou o Papa Bento XVI durante a sua lectio divina no fim da
tarde desta sexta feira no Seminário Maior de Roma. O Santo Padre lembrou o conceito
de justiça no Antigo Testamento pelo qual se é justo se se vive bem na Palavra de
Deus. Isto – sublinhou – permanece, mas a verdadeira justiça para o cristão não consiste
na obediência a algumas normas mas no amor criativo que por si mesmo encontra a abundância
do bem. Bento XVI repetiu aos cerca de 200 seminaristas de Roma um conceito que
evocara já nas primeiras palavras proferidas imediatamente após a sua eleição, no
dia 18 de Abril de 2005 quando da varanda central da Basílica de S. Pedro falara
de si mesmo como um humilde trabalhador da vinha do Senhor. “Deus plantou uma vinha
neste mundo, cultivou a sua vinha com a intenção de encontrar frutos,. E criou o seu
povo para encontrar a resposta do amor: procura o amor da sua criatura, deseja entrar
numa relação de amor com o mundo através do povo que elegeu. Mas a historia concreta
é de infidelidade: em vez de uva chegam pequenas coisas que não se podem comer. O
homem retira-se, quer ter o fruto para si, a vinha é devastada. Mas Deus não se dá
por vencido, encontra outro caminho, incarna-se, torna-se ele próprio a videira indestrutível
; não pode ser destruída, Chama-nos a transplantarmo-nos nesta videira. Chama-nos
a ser nele a nova videira . O sangue de Cristo torna-se nosso sangue. O próprio Deus
– repetiu o Papa - incarnou-se e pede-nos que entremos na alegria para produzir
fruto: o dinamismo que vive no amor de Cristo