São José do Rio Preto, 13 fev (RV) - Podemos entender as bem-aventuranças em
diversas dimensões da vida. A daqueles que experimentam sucesso nos relacionamentos
comerciais, na capacidade de gerir bem os seus negócios, na aquisição de bens materiais,
tornando-se farto economicamente.
São também bem-aventurados aqueles que gozam
de uma saúde ideal, com aparência estética louvável pelos idos da nova cultura que
evidencia mais o periférico do que aquilo que constitui a real essência da pessoa
humana.
No entender do Evangelho de Jesus Cristo, bem-aventurados e felizes
são todos os pobres, aqueles desprezados na sua dignidade, vivendo uma vida destituída
de privilégios e regalias que obscurecem a aparência de sua verdadeira dignidade.
A
dimensão de felicidade revelada por Jesus Cristo vai além das esferas humanas e terrestres.
Ela não se satisfaz nos limites sensitivos da pessoa, mas tem uma dimensão que ultrapassa
os critérios naturais, atingindo o sobrenatural, a vida eterna.
Feliz é quem
busca as coisas que são do alto, sendo capaz de renunciar o que mata os grandes valores
da vida de fé. Ele não se apóia apenas nas forças humanas, sabendo que elas são destruidoras
de sua dignidade e segurança futuras.
A felicidade não tem plenitude na vida
presente. Ela não passa com o tempo. Permanece, tendo sua realização total na eternidade.
Aqui está o sentido da nossa fé, no reconhecimento de limites e incapacidades de uma
total felicidade no mundo apenas terreno.
Podemos dizer que uma pessoa rica,
sempre risonha, sem grandes problemas, querida por todos, amada, sem inimigos, sem
opositores, seja feliz. A prosperidade é sinal da bênção de Deus, mas que supõe honestidade.
Só que este não é o pensamento de Deus. Para Ele, feliz é o pobre.
O pobre
é o que sofre na fome, na dor, maltratado, é perseguido, mas tem a esperança da felicidade
ainda na terra. Quem tem tudo normalmente não é feliz, porque não tem a si mesmo,
a sua própria identidade. Não tendo a si mesmo, não tem o autor da felicidade, Aquele
que é capaz de preencher suas necessidades, que é Deus.
Dom Paulo Mendes Peixoto Bispo
de São José do Rio Preto.