ARGÉLIA: ARCEBISPO PEDE REVOGAÇÃO DAS LEIS SOBRE CULTO NÃO-MUÇULMANO
Argel, 12 fev (RV) – O arcebispo de Argel, Dom Ghaleb Moussa Abdalla Bader,
pediu que fosse revogada ou, pelo menos, revista, a lei que regulamenta o exercício
de cultos não-muçulmanos na Argélia.
"Por que não retornar a uma situação de
normalidade"? – questionou ele. "Não teria chegado o momento de rever essa lei e até
mesmo de revogá-la"? – acrescentou Dom Bader, durante um encontro sobre a liberdade
de culto, organizado pelo Ministério da Religião argelino.
A lei, que data
de 2006, obriga todos aqueles que "professam uma religião que não seja o Islamismo
e constituem uma associação de caráter religioso" a pedirem permissão para celebrar
suas cerimônias, o que deve acontecer em lugares autorizados.
Por outro lado,
todo aquele que "tentar convencer um muçulmano a converter-se a outra religião" corre
o risco de pegar cinco anos de cadeia, além de ter de pagar uma multa de até 10 mil
euros.
Os cristãos na Argélia vivem em diversas áreas onde, frequentemente,
não existem igrejas, por isso, "é necessário não limitar o exercício do culto, confinando
as celebrações em locais determinados" – explicou Dom Bader, perguntando por que "se
os muçulmanos acolhem os cristãos convertidos ao Islamismo, o mesmo não pode ser feito
pelos cristãos, em relação aos muçulmanos convertidos ao Cristianismo"?
Para
o ministro da Religião, Bouabdallah Ghlamallah, a lei "não tem na mira nenhuma religião",
mas foi criada simplesmente "para organizar o setor". "Não caçamos os cristãos"– disse
o ministro, retornando, todavia, à questão do proselitismo, acusação feita a diversas
comunidades evangélico-protestantes.
"Não queremos – acrescentou ele – que
haja minorias religiosas que se tornem um pretexto para que potências estrangeiras
possam ingerir-se nos assuntos internos da Argélia."
Nos anos 2007 e 2008,
as comunidades protestantes, em particular as evangélicas, estiveram no centro de
uma verdadeira "caça às bruxas": numerosos argelinos convertidos ao Cristianismo foram
processados e condenados, sob a acusação de proselitismo. (AF)