Uberaba, 12 fev (RV) - Já o diziam os escritores da primeira Aliança: Deus
é um ser escondido, que precisa ser procurado. E o que é mais importante é que Ele
se deixa encontrar. Os seres inteligentes podem entrar em contacto com essa Pessoa
maravilhosa, através da natureza, através do nosso semelhante – somos “imagem e semelhança
de Deus” (Gen 5, 1) – e até através dos acontecimentos.
A grande teofania
(manifestação solene) do Pai Celeste aconteceu quando o Filho de Deus viveu em nosso
meio na Terra Santa. Mas será que depois disso o Criador entrou em silêncio? Não há
mais manifestações solenes nos tempos atuais? Será que os terremotos, os maremotos,
as enchentes, as guerras (o pior de todos os flagelos), e as doenças, tem alguma coisa
de positivo? Sou do parecer que o Eterno está nos dirigindo a Palavra também nos dias
de hoje.
Não tenho a coragem de afirmar que tais fatos assustadores são um
castigo divino. Podem até ser. Mas isso seria temerário afirmar. Acho, no entanto,
que representam um sinal para alguma coisa. Segundo minha interpretação, o Ser amoroso
e onipotente quer nos mandar um aviso para três aspectos. O primeiro, é que o horror
acontecido representa um desafio para o ser humano que recebeu a incumbência solene
de “dominar a terra” (Gen 1, 28). E as catástrofes são uma prova de que não fizemos
ainda o dever de casa.
Em segundo lugar, todos esses males mostram que não
aprendemos ainda a respeitar as leis da natureza. Por que desafiamos o rio, construindo
nossas residências no espaço que as águas, cedo ou tarde reclamam para si? Por que
teimamos em construir imóveis nas encostas dos morros, que a natureza precisa para
seu uso?
E em terceiro lugar – para ser realista – o Pai nos manda uma pergunta:
o nosso comportamento moral não está profundamente desvinculado das leis que a
Divina Providência estabeleceu para nossa felicidade? Urge ajuntar a exortação, e
em vez de blasfemar, começar a raciocinar, e melhorar nossa vida de filhos de Deus.
Se tivermos olhos de fé, para compreender, rezaremos com o salmista: “Fui por demais
castigado, mas não perdi a fé” (Sl 116, 10).
Dom Aloísio Roque Oppermann scj
Arcebispo de Uberaba, MG.