2010-02-11 18:32:38

CARDEAL BERTONE NA POLÔNIA: LECTIO MAGISTRALIS SOBRE O TEMA "DEMOCRACIA E IGREJA"


Varsóvia, 11 fev (RV) - "Democracia e Igreja": esse foi o título da lectio magistralis que o cardeal secretário de Estado Tarcisio Bertone deu na manhã desta quinta-feira na Pontifícia Faculdade Teológica da Universidade de Wroclaw, na Polônia, por ocasião da entrega ao purpurado do Doutorado honoris causa. A cerimônia foi precedida por uma celebração eucarística na catedral de São João Batista.

Um tema certamente de grande atualidade. O Cardeal Bertone partiu da definição de direitos humanos chamados "universais não porque aprovados e reconhecidos por maiorias parlamentares e pela opinião pública", mas porque referidos à natureza do ser humano, inalterada "na transformação das condições sociais e históricas".

O purpurado esclareceu que outra coisa é falar de direitos individuais, "transformando desejos a serem satisfeitos em direitos" sem fundamento universal.

Em seguida, o Cardeal Bertone perguntou-se se o princípio da soberania popular – que funda as modernas democracias eletivas – pode ser aplicado também à Igreja, considerando "que é diferente a natureza" de Estado democrático e de Igreja.

O cardeal secretário de Estado observou ainda que as origens e os fins de ambos são diferentes, embora "não faltem também na Igreja elementos de forte afinidade "que a fazem respirar democraticamente", a partir da "centralidade da pessoa humana": e não há duvida de que "um impulso decisivo" nesse sentido tenha sido dado pelo Concílio Vaticano II – disse.

O purpurado defendeu que a Igreja não pode tornar-se uma democracia, embora diversos movimentos hoje reclamem a sua "democratização" "para se passar de uma Igreja considerada paternalista", "colocada de cima para baixo", "a uma Igreja-comunidade".

Essas críticas e aspirações correspondem à idéia de "uma Igreja que se constitui mediante discussões, acordos, decisões e que, no debate, faz emergir aquilo que pode ser exigido do fiel". E "também a liturgia não foge desse processo, na medida em que não deve corresponder a um esquema prévio já estabelecido", mas surgir "por obra da comunidade pela qual é celebrada".

Uma Igreja, fruto de autodeterminação democrática, apresenta, porém, perguntas precisas: "A quem cabe o direito de tomar decisões? As decisões devem ser tomadas baseadas em que?"

O secretário de Estado vaticano observou que "uma Igreja que repousa somente em decisões da maioria se torna uma Igreja puramente humana, reduzida a nível daquilo que é factual e plausível", "onde a opinião substitui a fé".

Então, como "superar uma análoga crise"? O Cardeal Bertone indicou, em primeiro lugar, o caminho da "comunhão" eclesial, fazendo e decidindo juntos, porque – ressaltou – convocados por Cristo a construir a Igreja para anunciar a salvação do mundo, priorizando o testemunho, e não a representatividade.

Eis, portanto, que a relação entre bispos e fiéis não pode ser resolvida em termos "de controle de poder", mas "de experiência de comunhão". "A comunhão, todavia – observou – se não quiser reduzir-se a uma expressão somente sentimental e por isso facilmente evitável – concluiu – exige que os bispos vivam em comunhão com os seus fiéis, colaborando em todos os setores da vida eclesial." (RL)







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