Dignificar a vida de todos, sobretudo dos mais vulneráveis: solicitou o Papa referindo-se
à situação do Guatemala, ao receber o seu novo Embaixador
(6/2/2010) A importância e urgência de “promover e dignificar a vida de todos, especialmente
dos mais vulneráveis e desprotegidos” foi recordada por Bento XVI neste sábado, recebendo
as Cartas Credenciais do novo Embaixador de Guatemala, Alfonso Matta Fahsen.
O
Santo Padre começou por recordar que “o povo guatemalteco, com a sua variedade de
etnias e culturas, tem muito arraigada a fé em Deus, uma profunda devoção a Maria
Santíssima e um amor fiel ao Papa e à Igreja”. Ao que correspondem as “estreitas e
fluidas relações” que o país desde há muito mantém com a Santa Sé, nomeadamente desde
a criação da Nunciatura Apostólica, em 1936. Bento XVI fez votos a favor de um reforço
da cooperação já existente “entre o Estado e a Igreja, assente no respeito e autonomia
das diferentes esferas que lhes são próprias”, progredindo num “diálogo leal e honesto
que fomente o bem comum de toda a sociedade” e que leve a “reservar uma atenção especial
aos mais desfavorecidos”.
Aludindo aos fenómenos climáticos que têm afectado
o Guatemala, nomeadamente a seca que provocou a perda das colheitas, aumentando a
desnutrição e a pobreza, Bento XVI exprimiu o seu “afecto e proximidade espiritual”
às vítimas destas calamidades, assim como o seu apreço pela acção generosamente desenvolvida
por cooperantes e voluntários, para mitigar a carestia de que sofre grande parte da
população. Neste contexto, o Papa mencionou “a Igreja na Guatemala – Pastores, religiosos
e fiéis, que se esforçam por imitar o modelo evangélico do Bom Samaritano”.
“Conseguir
que todos possam dispor do alimento necessário é um direito básico de cada pessoa
e, portanto, um objectivo prioritário. Para tal, além de recursos materiais e decisões
técnicas, requerem-se homens e mulheres com sentimentos de compaixão e solidariedade,
que se encaminhem para a consecução desta meta, dando mostras daquela caridade que
é fonte de vida, e de que todo o ser humano necessita”.
“Trabalhar nesse
sentido – fez notar o Papa – é promover e dignificar a vida de todos, especialmente
dos mais vulneráveis e desprotegidos, como as crianças, as quais, sem uma alimentação
adequada, vêem comprometido o seu crescimento físico e psíquico e, tantas vezes, se
vêem envolvidos em actividades impróprias para a sua idade ou imersos em tragédias,
que constituem uma violação da sua dignidade pessoal e dos direitos que dela derivam”.
Numa situação tão precária e preocupante, o Papa apontou, alguns “importantes
motivos de esperança”: os “numerosos valores humanos e evangélicos” contidos no coração
dos cidadãos do país, “como o amor à família, o respeito pelos mais velhos, o sentido
de responsabilidade e, acima de tudo, a confiança em Deus, que revelou o seu rosto
em Jesus Cristo, e ao qual invocam no meio das tribulações”.
Quase a concluir
o seu discurso ao novo Embaixador de Guatemala junto da Santa Sé, Bento XVI exprimiu
o seu “reconhecimento” pelas acções que estão a ser levadas a cabo, no país, para
“consolidar as garantias de um verdadeiro Estado de direito”, mas acrescentou uma
recomendação:
“Este processo há-de ser acompanhado por uma firme determinação,
que nasce da conversão do coração, de eliminar qualquer forma de corrupção nas instituições
e administrações públicas e de reformar a justiça, para aplicar justamente as leis,
erradicando a sensação de impunidade em relação aos que exercem qualquer tipo de violência
ou desprezam os mais essenciais direitos humanos. Este esforço de fortalecimento democrático
e de estabilidade política há-de ser constante, e é imprescindível para que se avance
num verdadeiro desenvolvimento integral da pessoa”.