MUTIRÃO: SOCIÓLOGO PEDE RESGATE DA CULTURA POPULAR
Porto Alegre, 04 fev (RV) - Primeiro dia de trabalhos aqui no Mutirão de Comunicação,
em andamento na PUC de Porto Alegre. O dia teve início com uma interessante palestra
do sociólogo Pedro Ribeiro de Oliveira.
Em sua conferência, fez uma análise
do surgimento dos movimentos sociais e sua relação com o Mutirão. O início deste processo
tem raízes longínquas, na época da hegemonia portuguesa. Sobre o período atual, Pedro
destaca duas estratégias da elite dominante para abafar os excluídos. A primeira é
desqualificar a cultura popular. Como? Também através da linguagem, ou seja, a cultura
dos negros, dos índios, das minorias, é folclore, crendice, lenda. A segunda estratégia
é se servir dos meios de comunicação de massa para satisfazer o povo, oferecendo teoricamente
aquilo o que querem ver e o ouvir.
Apesar disso, a cultura popular sobreviveu
através do que chamou de “refúgio social”, como a literatura de cordel, as rodas de
capoeira, os camponeses, as mães e pais de santo - e ai está a origem dos movimentos
sociais. E eles nasceram justamente da comunicação em mutirão, que vai se enriquecendo
agora de geração em geração. Como procedem? Construindo sua consciência e produzindo
suas utopias e projetos, oferecendo a ideia de que um novo mundo é possível. É possível
confiando na mobilização das sociedades, apostando mais na formação das consciências
do que nas conquistas políticas.
Nesse contexto, a solidariedade é fundamental,
e não um sistema competitivo. E o que se viu no Haiti, condenou o sociólogo, foi o
contrario disso, com os Estados Unidos ocupando militarmente o país. Tudo isso parece
uma utopia, reconheceu Pedro Ribeiro, mas “sem dúvida é mais crível que a utopia do
mercado, da tecnologia, que promete satisfazer todos os nossos desejos, bem sabendo
que não é possível”.
Por isso o Mutirão é importante, porque pode contribuir
para um novo mundo possível. É uma oportunidade para que aprendamos a ouvir e amplificar
a voz de quem foi silenciado e que não deixou de murmurar uma mensagem de esperança.
E concluiu com um apelo aos comunicadores: que amplifiquem esta mensagem.
Esta
foi a manhã aqui no Mutirão, com a inauguração também da exposição de arte sacra e
com abertura dos estandes, entre eles, o da Rádio Vaticano. Quem passar por lá, poderá
conhecer um pouco mais da nossa emissora, através do material de divulgação e conversando
também com o nosso responsável, Padre Cesar Augusto dos Santos, e Silvonei José.
O
evento prossegue à tarde com inúmeros eventos, com apresentações artísticas populares,
com os seminários temáticos, com oficinas, e com o início de uma retrospectiva de
filmes brasileiros premiados pela CNBB, que serão projetados todas as tardes aqui
na PUC. (BF)