PATRIARCA ORTODOXO KIRILL: "VISÃO COMUM COM O PAPA SOBRE A EUROPA"
Moscou, 03 fev (RV) - No ano 2009 foram registradas "tendências positivas"
no diálogo entre a Igreja Ortodoxa russa e a Igreja Católica. O patriarca de Moscou
e de todas as Rússias Kirill I traçou um balanço positivo ao falar nesta terça-feira,
na Conferência dos bispos que se realizou na capital russa na Sala dos Concílios da
Catedral de Cristo Salvador.
Participaram da Conferência os bispos da Igreja
ortodoxa reunidos em Moscou para celebrar o primeiro aniversário de entronização de
Kirill I. O patriarca apresentou aos bispos um longo relatório sobre as atividades,
visitas e viagens que caracterizaram este seu primeiro ano de liderança, reservando
um parágrafo detalhado também para as relações com a Igreja Católica.
A esse
propósito, Kirill disse: "As atividades comuns e os numerosos encontros mantidos com
os representantes da Igreja Católica confirmaram que as nossas posições coincidem
sobre numerosas questões que interpelam os cristãos no mundo moderno. São a agressiva
secularização, a globalização, a erosão dos tradicionais princípios éticos. Vale a
pena ressaltar que sobre esses temas Papa Bento XVI tomou posições muito próximas
às posições ortodoxas. E isso é demonstrado por seus discursos, mensagens, bem como
pelas opiniões de altos representantes da Igreja Católica com os quais mantemos contatos".
O
patriarca Kirill observou que também durante o encontro que o arcebispo Hilarion Volokolamsky
teve em setembro com o papa e com outros líderes da Cúria Romana emergiu "uma visão
comum da tutela da dignidade humana na Europa".
Em seu discurso, o patriarca
também recordou a decisão tomada em novembro pela Corte européia dos direitos do homem
sobre a inadmissibilidade da presença dos crucifixos nas escolas italianas e comentou:
"foi um claro ataque às tradições cristãs européias", por isso a Igreja Ortodoxa russa
expressou a sua solidariedade para com a Igreja Católica na Itália".
A esse
propósito, o patriarca acrescentou: "temos reiterado que a civilização européia possui
raízes cristãs, razão pela qual é absolutamente inaceitável privar a Europa e as suas
instituições dos símbolos da sua identidade espiritual".
No relatório, o patriarca
não esconde "os problemas existentes" nas relações bilaterais sobre os quais se continua
trabalhando". Em particular, falou da "difícil situação na Ucrânia" auspiciando "passos
concretos" por parte da Igreja Católica. (RL)