ENCONTRO DE JOÃO PAULO II COM A COMUNIDADE JUDAICA NO BRASIL
Cidade do Vaticano, 03 fev (RV) - Vamos hoje fazer uma viagem ao Brasil de
1980, no âmbito da primeira viagem apostólica do Papa João Paulo II. Naquela ocasião
o Papa Wojtyla se encontrou, em São Paulo, com os representantes da Comunidade Judaica
no Brasil. Era dia 3 de julho de 1980.
O diálogo entre judeus e católicos avançou
muito nessas quatro décadas. João Paulo II contribuiu muito para o diálogo judaico-católico
e foi o primeiro papa a visitar uma sinagoga.
O Concílio Vaticano II deu um
impulso decisivo no compromisso de percorrer um caminho irrevogável de diálogo, de
fraternidade e amizade, caminho que se aprofundou e se desenvolveu nestes quarenta
anos com passos e gestos importantes e significativos.
A Igreja não deixou
de condenar as faltas de seus filhos e filhas, pedindo perdão por tudo aquilo que
pôde favorecer de algum modo as chagas do anti-semitismo e do anti-judaísmo.
Ao
se encontrar com a Comunidade Judaica no Brasil o Papa Wojtyla disse:
"Para
mim é uma feliz oportunidade para manifestar e estreitar ainda mais os laços que unem
a Igreja católica e o Judaísmo, reafirmando assim a importância das relações que se
desenvolvem entre nós, também aqui no Brasil" – frisou o pontífice.
João Paulo
II disse ainda que a Declaração Nostra Aetate, do Concílio Vaticano II, em seu quarto
parágrafo, afirma que é perscrutando o seu próprio mistério que a Igreja "recorda
o vínculo que a une espiritualmente à descendência de Abraão". "Desta forma, a relação
entre Igreja e Judaísmo não é exterior às duas religiões: é algo que se funda na herança
religiosa de ambas, na própria origem de Jesus e dos Apóstolos, e no ambiente em que
a Igreja primitiva cresceu e se desenvolveu" – disse o papa, acrescentando:
"Fico
muito feliz por saber que este relacionamento e cooperação acontecem aqui no Brasil
especialmente através da fraternidade judaico-cristã. Judeus e católicos se esforçam
assim para aprofundar a comum herança bíblica, sem, contudo negar as diferenças que
nos separam e de tal forma um renovado conhecimento mútuo poderá conduzir a uma mais
adequada apresentação de cada religião no ensinamento da outra. Sobre esta base sólida
poder-se-á logo construir, como já se vem fazendo, a tarefa da cooperação em benefício
do homem concreto, da promoção de seus direitos, não poucas vezes conculcados, da
sua justa participação na prossecução do bem comum, sem exclusivismos nem discriminações."