2010-02-01 13:49:09

Presença e unidade dos Católicos na sociedade britânica e o exemplo do cardeal Newman para todos os padres: aspectos recordados pelo Papa aos Bispos da Inglaterra e País de Gales


(1/2/2010) No Ano Sacerdotal em curso, a figura do cardeal Newman, que o Papa beatificará em Setembro próximo, constitui para todos os padres “exemplo de dedicação à oração, de sensibilidade pastoral para com as necessidades dos seus fiéis, e de paixão pela pregação do Evangelho”. Sublinhou-o Bento XVI, ao receber em audiência, no Vaticano, os Bispos da Inglaterra e País de Gales, na conclusão da respectiva visita “ad limina Apostolorum”. Uma deslocação que, como observou o Papa, contribui para “reforçar os elos de comunhão entre a comunidade católica do país e a Sé Apostólica, uma comunhão que desde há séculos mantém a fé do seu povo e que hoje em dia assegura energias vivas para a renovação e para a evangelização”.

O Papa congratulou-se com os “muitos sinais de fé viva e de devoção” que se podem encontrar nos católicos de Inglaterra e País de Gales, “não obstante as pressões de uma época secularista”. Aludindo a sua futura visita apostólica à Grã Bretanha, Bento XVI considerou que será uma ocasião para ele próprio poder testemunhar esta fé e de, como Sucessor de Pedro, a fortalecer e confirmar.

Observando que este país é “bem conhecido pelo seu firme empenho pela igualdade de oportunidades para todos os membros da sociedade”, o Papa deplorou “o efeito de certa legislação que pretendia visar esse objectivo acabou por impor injustas limitações à liberdade de as comunidades religiosas agirem de acordo com as suas convicções. Sob certos aspectos, (esta legislação) na realidade viola a lei natural sobre a qual se apoia a igualdade dos seres humanos e pela qual esta se encontra garantida”.
“Peço-vos insistentemente que, como Pastores, façais com que o ensinamento moral da Igreja seja sempre apresentado na sua inteireza e convictamente defendido. A fidelidade ao Evangelho de modo algum limita a liberdade dos outros, pelo contrário, está ao serviço da sua liberdade oferecendo-lhes a verdade. Continuai a insistir sobre o direito a participar no debate nacional sobre um diálogo respeitoso com outros elementos da sociedade”.

O Papa observou que, com esta atitude, os Bispos não estarão apenas a “manter as longas tradições britânicas de liberdade de expressão e de franco intercâmbio de opiniões”. Trata-se de “dar também voz às convicções de muitas pessoas que perderam os meios para as exprimir”. Quando tantas cidadãos se declaram cristãos, como é que se pode discutir o direito do Evangelho a ser ouvido? - interrogou-se o Papa.
Em todo o caso, “para que a mensagem salvadora de Cristo possa ser apresentada de modo efectivo e convincente, na sua totalidade, é preciso que a Comunidade Católica do país fale com a unidade de uma mesma voz” – advertiu Bento XVI.

“Isso exige que não só vós, Bispos, mas também os padres, professores, catequistas, escritores – isto é, todos os que se encontram empenhados na tarefa de comunicar o Evangelho – estejam atentos às chamadas do Espírito, que guia toda a Igreja à verdade, congrega na unidade e inspira o seu zelo missionário”.

“Num meio social que encoraja a expressão da variedade de opiniões sobre toda e qualquer questão, é importante reconhecer o dissentimento como aquilo que é, sem o confundir com um contributo maduro para um debate amplo e equilibrado. É a verdade revelada através da Escritura e da Tradição e formulada pelo magistério da Igreja que nos torna livres”.

“Bem o compreendeu o cardeal Newman, que nos deixou um claro exemplo de plena adesão da fé à verdade revelada, seguindo aquela terna luz aonde quer que nos conduza, mesmo se isso representar um sério custo pessoal.
Na Igreja são hoje necessários escritores e comunicadores com a sua estatura e integridade. Tenho esperanças de que a devoção a ele possa inspirar muitos a seguirem as suas pegadas”.

Aliás, sublinhou o Papa, o cardeal Newman sempre se viu a si próprio sobretudo e antes de mais como padre.

“Neste Ano Sacerdotal, encorajo-vos vivamente a propordes aos vossos padres este exemplo de dedicação à oração, de sensibilidade pastoral para com os seus fiéis e de paixão pela pregação do Evangelho. Um exemplo que vós próprios tendes o dever de dar”.

Sendo “insubstituível o papel do padre na vida da Igreja”, Bento XVI pediu aos bispos britânicos que não poupem esforços para encorajar as vocações sacerdotais e para recordar aos leigos o sentido e a necessidade do sacerdócio (ministerial), ajudando-os a “evitar a tentação de encarar o clero como meros funcionários”.

A concluir, o Santo Padre lembrou ainda aos Bispos da Inglaterra e do País de Gales a grande importância que ali assume o diálogo ecuménico e inter-religioso e exortou-os a serem “generosos na aplicação das medidas da Constituição Apostólica Anglicanorum Coetibus, prestando “assistência àqueles grupos de Anglicanos que querem entrar na plena comunhão da Igreja Católica. “Tenho a convicção – declarou Bento XVI – que, “se forem acolhidos de modo cordial e caloroso, esses grupos constituirão uma bênção para a Igreja inteira”








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