NORTE-AMERICANOS QUE TENTAVAM RETIRAR CRIANÇAS DO HAITI DEVEM COMPARECER E JULGAMENTO
Porto Príncipe, 1º fev (RV) - Um grupo de dez norte-americanos detido no último
sábado, quando tentava retirar 33 crianças do Haiti, deverá comparecer perante um
tribunal, nesta segunda-feira, em Porto Príncipe.
Os cidadãos estadunidenses,
ligados a Igrejas do Estado de Idaho, nos EUA, insistem em afirmar que todas as crianças
são órfãs e que elas estavam sendo levadas para um orfanato na vizinha República Dominicana.
As
crianças foram levadas temporariamente para um orfanato em Porto Príncipe, administrado
pela ONG internacional "SOS Children's Villages".
Ontem, um porta-voz
da ONG , George Willeit, disse que pelo menos uma das crianças – uma menina de 9 anos
– teria afirmado que os pais dela estão vivos.
Willeit disse aos jornalistas
que a menina acreditava que estava sendo levada para um colégio interno, ou para uma
colônia de férias. Outras crianças também parecem ter parentes vivos – revelou ele.
Segundo
Willeit, muitas das crianças apresentavam problemas de saúde, fome e desidratação.
Uma das menores – com apenas 2 ou 3 meses de idade – estava tão desidratada, que teve
que ser levada para o hospital – precisou o porta-voz.
Segundo as autoridades
haitianas, o grupo não tinha documentos provando que nenhuma das crianças era órfã.
Os
dez norte-americanos, ligados à organização beneficente New Life Children's Refuge,
viajavam num ônibus com as crianças e foram parados perto da fronteira com a República
Dominicana. Eles disseram que todas as crianças haviam perdido os pais no terremoto.
Laura Silsby, a líder do grupo, disse que a prisão foi resultado de um mal-entendido.
A
legislação internacional é bastante clara: tentar cruzar fronteiras internacionais
com crianças, sem permissão ou documentação, é tráfico, independentemente das intenções
dos adultos que as conduzem.
"Você não pode simplesmente pegar uma criança
e levá-la para fora do país, não interessa em que país você esteja" – disse o porta-voz
do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) no Haiti, Kent Page.
As
regras para a adoção de crianças no Haiti também são muito claras. Desde o terremoto
do dia 12 de janeiro, o governo impôs novos controles e todos os casos de adoção precisam
ser aprovados pelo Governo.
As autoridades temem que os órfãos estejam particularmente
vulneráveis neste momento, correndo maior risco de sequestro e de serem vendidos.
Mesmo
antes do terremoto, o tráfico de crianças era um problema sério no país, com milhares
de crianças desaparecendo a cada ano. (AF)