2010-01-26 11:43:37

HAITI: CANADÁ PEDE CANCELAMENTO DA DÍVIDA EXTERNA.
BRASIL CONCORDA


Montreal, 26 jan (RV) - Prossegue a mobilização da comunidade internacional, organizações e entidades sociais em todo o mundo no envio de doações para participar da reconstrução do Haiti. Ontem, em Montreal, no Canadá, ONGs e redes de ajuda compactaram-se para lutar pelo fim da dívida externa e da militarização estrangeira no Haiti.

No final do dia, divulgaram uma carta - assinada por mais de 100 líderes, movimentos, organizações e redes sociais -, pedindo aos governos e às organizações internacionais a anulação incondicional da dívida externa do país caribenho. O comunicado alega que o pagamento de tal dívida “afetaria milhões de vidas humanas”.

“Esperar que o Haiti devolva milhões de dólares enquanto tenta se recuperar do pior desastre natural da história recente seria cruel e desnecessário” – declara a nota.

Além de defender o cancelamento de cerca de US$ 890 milhões de dívida, a ONG britânica OXFAM solicitou também outro tipo de ajuda para a reconstrução: apoio aos agricultores e aos pequenos negócios, subvenções para as áreas mais pobres, garantia de que recebam as ajudas, respaldo para o funcionamento do Governo e a sociedade civil, e a construção de edifícios e infra-estruturas com melhores materiais.

“Exigimos que os recursos destinados para o auxílio e a reconstrução não gerem novo endividamento, nem que sejam impostas condições ou qualquer outra forma de imposição externa que desvirtue esse objetivo, como é prática das Instituições Financeiras Internacionais, como o Banco Mundial, o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e o FMI (Fundo Monetário Internacional), e os chamados ‘países doadores’" - destacam na carta.

Da mesma forma, rechaçam o fato de empresas privadas multinacionais aproveitarem o desastre para realizar negócios milionários durante a reconstrução do país.

Na ocasião, também pedem o fim da militarização estrangeira no país caribenho, ocupado pela Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) desde 2004.

Na opinião das organizações signatárias da carta, a Minustah - formada por militares de Estados Unidos, Brasil, Canadá, França, entre outros - representa uma das políticas equivocadas implementadas no país. Para eles, a reconstrução do Haiti deve ser a partir do próprio povo, respeitando a opinião e a soberania do país.

O Canadá, país anfitrião da reunião de emergência sobre a ajuda internacional ao Haiti, também sugeriu um amplo programa de perdão da dívida do Haiti. A conferência teve a participação de ministros das Finanças e do Exterior de cerca de 20 países.

O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse não saber se o Haiti tem uma dívida com o Brasil, mas realçou: "Se for necessário perdoar, perdoaremos." (CM)







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