HAITI: CANADÁ PEDE CANCELAMENTO DA DÍVIDA EXTERNA. BRASIL CONCORDA
Montreal, 26 jan (RV) - Prossegue a mobilização da comunidade internacional,
organizações e entidades sociais em todo o mundo no envio de doações para participar
da reconstrução do Haiti. Ontem, em Montreal, no Canadá, ONGs e redes de ajuda compactaram-se
para lutar pelo fim da dívida externa e da militarização estrangeira no Haiti.
No
final do dia, divulgaram uma carta - assinada por mais de 100 líderes, movimentos,
organizações e redes sociais -, pedindo aos governos e às organizações internacionais
a anulação incondicional da dívida externa do país caribenho. O comunicado alega que
o pagamento de tal dívida “afetaria milhões de vidas humanas”.
“Esperar que
o Haiti devolva milhões de dólares enquanto tenta se recuperar do pior desastre natural
da história recente seria cruel e desnecessário” – declara a nota.
Além de
defender o cancelamento de cerca de US$ 890 milhões de dívida, a ONG britânica OXFAM
solicitou também outro tipo de ajuda para a reconstrução: apoio aos agricultores e
aos pequenos negócios, subvenções para as áreas mais pobres, garantia de que recebam
as ajudas, respaldo para o funcionamento do Governo e a sociedade civil, e a construção
de edifícios e infra-estruturas com melhores materiais.
“Exigimos que os recursos
destinados para o auxílio e a reconstrução não gerem novo endividamento, nem que sejam
impostas condições ou qualquer outra forma de imposição externa que desvirtue esse
objetivo, como é prática das Instituições Financeiras Internacionais, como o Banco
Mundial, o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e o FMI (Fundo Monetário
Internacional), e os chamados ‘países doadores’" - destacam na carta.
Da mesma
forma, rechaçam o fato de empresas privadas multinacionais aproveitarem o desastre
para realizar negócios milionários durante a reconstrução do país.
Na ocasião,
também pedem o fim da militarização estrangeira no país caribenho, ocupado pela Missão
das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) desde 2004.
Na
opinião das organizações signatárias da carta, a Minustah - formada por militares
de Estados Unidos, Brasil, Canadá, França, entre outros - representa uma das políticas
equivocadas implementadas no país. Para eles, a reconstrução do Haiti deve ser a partir
do próprio povo, respeitando a opinião e a soberania do país.
O Canadá, país
anfitrião da reunião de emergência sobre a ajuda internacional ao Haiti, também sugeriu
um amplo programa de perdão da dívida do Haiti. A conferência teve a participação
de ministros das Finanças e do Exterior de cerca de 20 países.
O ministro brasileiro
das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse não saber se o Haiti tem uma dívida com
o Brasil, mas realçou: "Se for necessário perdoar, perdoaremos." (CM)