2010-01-23 13:11:57

HAITI: EDITORIAL DO PE. CESAR


Cidade do Vaticano, 24 jan (RV) - Após as primeiras emoções causadas pelos abalos sísmicos no Haiti, podemos tomar um pouco de distância e contemplar, com os olhos da inteligência e do coração, o quadro que vemos.

Vimos e vemos uma comunidade mundial se movimentar e enviar mantimentos, medicamentos, hospitais de campanha, dinheiro e, o mais importante, enviar profissionais. Os noticiários nos mostram agentes da saúde, médicos, militares e sacerdotes exercendo suas funções no auxílio dos desabrigados.

Ao mesmo tempo vemos uma infinidade de crianças, órfãs em sua maioria, sendo acarinhadas e tratadas pelos atuais samaritanos.

Por outro lado, o Brasil, atingido fortemente nesse terremoto, enterrou a Dra. Zilda Arns, o diplomata Luiz Carlos da Costa e 18 militares. Vinte brasileiros mortos em função, trabalhando pela paz, em prol da comunidade haitiana. Nossa Pátria não se intimidou com essas perdas, mas as encarou como sacrifício e enviou significativa quantia monetária, medicamentos, víveres e mais militares. Não satisfeito com o enviado, prometeu mais e a movimentação pró Haiti continua em solo brasileiro.

Contemplando Porto Príncipe, vemos um povo sofrido que não perdeu a esperança e muito menos a alegria de viver. Após enterrar até agora um sem número de corpos – os números são imprecisos, fala-se em mais de 100.000 mortos - a grande maioria em valas comuns, outros sepultados com música no jazigo da família, a busca de alimento e a solidariedade se fazem presentes. Evidentemente, não se pode relatar uma convivência absolutamente pacífica. A fome, a ajuda às pessoas queridas e também a má inclinação, muitas vezes fez surgir atitudes agressivas de desespero e oportunismo. Do mesmo modo as centenas de crianças precisam de todo tipo de ajuda e proteção. Em um dos orfanatos improvisados já se deu falta de 15 bebês.
A Comunidade internacional promete continuar seu apoio. É bom que continue. A destruição foi avassaladora, pior que muitas guerras. Por outro lado, quem ajuda, enviando donativos ou indo até lá para arregaçar as mangas e trabalhar, deverá ser imensamente grato ao povo haitiano que está possibilitando algo grandioso e imensamente humanitário que é colaborar na reconstrução de sua comunidade. Sejamos samaritanos, sejamos fraternos e com muita humildade, ajudemos nossos irmãos a desatar esse nó. As lágrimas já secaram, mas a dor continua. Não devemos abaixar o nosso olhar diante da tragédia daquele povo marcado pelo sofrimento.

Seja símbolo desse renascer, a figura daquela senhora bastante idosa, resgatada dos escombros, após dez dias sem comer ou beber, coberta de poeira, e que vem à luz cantando; do mesmo modo aquele menininho de oito anos, salvo das ruínas, vem à luz sorrindo e alçando os braços, mesmo com um deles quebrado, como um chefe conclamando seu liderados. É a força, a garra de um povo sofrido, mas forte, destemido, desejoso de viver, rico em esperança e, exatamente por isso, lutador! (CAS)

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