Cidade do Vaticano, 20 jan (RV) - Em sinal de respeito e dor pelo falecimento
da Dra. Zilda Arns, vítima do terremoto que atingiu o Haiti, os religiosos residentes
em Roma, Itália, enviaram uma carta ao cardeal emérito de São Paulo e irmão de Zilda,
Dom Paulo Evaristo Arns.
No texto, os religiosos dizem que as circunstâncias
da morte da doutora Zilda Arns, em missão de solidariedade, foram um grande choque
para o Brasil. “Ela é símbolo de todas aquelas e aqueles que se empenham todos os
dias com mente e coração para que todos tenham vida em abundância”.
Leia a
íntegra da carta abaixo:
"Que nosso Deus, em sua misericórdia, acolha no céu
aqueles que na terra lutaram pelas crianças e os desamparados. Não é hora de perder
a esperança!"
D. Paulo E. Arns Roma, 15 de janeiro de 2010
Muito
estimado amigo e pastor Dom Paulo Evaristo Arns, membros da Família Arns, saudações
das religiosas e religiosos brasileiros em Roma!
A experiência única e profunda
de comunhão e participação vivida no Brasil com nossos pastores e como Vida Religiosa
fez nascer em Roma, há anos atrás, o grupo RBR (Religiosos Brasileiros em Roma) que
se reúne a cada mês no Colégio Pio Brasileiro para celebrar, aprofundar e partilhar
desafios e esperanças de nossa missão em Roma junto a nossos Generalatos e Comunidades.
No
final de 2009 havíamos decidido encontrarmo-nos, no dia 14 de janeiro, para refletir
sobre o tema “A realidade de pobreza em Roma e seus desafios à nossa consagração religiosa”.
Conosco, partilharam suas experiências a Ir. Maria Della Neve, uma irmã Orionita
brasileira que vive há quarenta e quatro anos na Itália e nos últimos anos tem se
dedicado às pessoas em situação de rua através da Caritas Diocesana. Com ela esteve
Luana Melia, assistente social que acompanha os projetos da Caritas. Também o brasileiro
Pe. Sergio Durigon, religioso Escalabriniano, responsável pela Comunidade Santa Maria
Della Luce, capelania dos brasileiros em Roma. Ele partilhou conosco a dura experiência
que vive o migrante brasileiro na Itália.
Lamentavelmente o nosso encontro
coincidiu com a tragédia que se abateu sobre o povo do Haiti tirando a vida de milhares
de pessoas daquele pais, vários soldados brasileiros e a Dra. Zilda Arns.
Não
temos a intenção de fazer desta carta ao senhor uma mensagem de consolo; pelo contrário,
nos sentimos profundamente tocados e consolados pelas palavras de coragem que o senhor,
através da imprensa, enviou ao Brasil e a todos nós ao saber da morte da sua querida
irmã: “Que nosso Deus, em sua misericórdia, acolha no céu aqueles que na terra lutaram
pelas crianças e os desamparados. Não é hora de perder a esperança!” Temos a certeza
de que, aos olhos da fé, a sua morte inesperada nos inquietará e gerará em muitas
pessoas e organizações novas iniciativas que respondam à dura realidade do Haiti,
do Brasil e de tantos outros países, no que se refere ao modo como tratam suas crianças
e idosos. Inútil dizer algo mais sobre Dona Zilda, pois ela se insere na mesma base
religiosa na qual se funda a família Arns a partir da defesa intransigente dos valores
da fé, da solidariedade, da justiça e da esperança.
Nosso momento de oração
durante o encontro foi dedicado às vitimas do terremoto, às milhares de pessoas e
organizações de voluntariado que se dirigem ao Haiti para prestar socorro às vitimas
do terremoto e à família Arns. Colocamos o Senhor e toda a família Arns nos braços
amorosos de Deus, como forma de gratidão por todo o carinho, ternura e compromisso
com os excluídos que o senhor fez crescer em nós durante os anos do seu pastoreio
na Arquidiocese de São Paulo.
Cheios de afeto, pedimos que o Senhor nos envie
a sua bênção de pastor e amigo,
Religiosas e Religiosos Brasileiros em Roma 15
de janeiro de 2010 Roma, Itália