O desespero de quem tenta sobreviver e a espiral de violência levamONU e EUA
a reforçar contingentes militares em Haiti. Cáritas Portuguesa organiza uma “resposta
eficaz e sólida” à tragédia gerada pelo sismo do passado dia 12
(20/1/2010) Numa altura em que as armas voltam a circular entre a população haitiana,
em que há 1,5 milhões de pessoas sem casa e em que há centenas de milhares de esfomeados,
a insegurança é a maior ameaça que a população enfrenta, uma semana depois do violento
sismo que destruiu o seu país. Eles e todos quantos os foram ajudar. O desespero dos
que tentam sobreviver numa terra onde não há nada ameaça empurrar o Haiti para uma
espiral de violência de consequências imprevisíveis, avisaram especialistas dos serviços
de informações ocidentais. Com este pano de fundo o Conselho de Segurança das
Nações Unidas aprovou por unanimidade, o reforço temporário de 3500 homens - tropas
e polícias - da missão de paz da ONU no Haiti , cujo contingente subirá para 12.651
(agora são cerca de 9.000). A missão, que durará meio ano, visa auxiliar as agências
humanitárias no terreno na distribuição de ajuda e reforçar as condições de segurança.
Altamente voláteis num país devastado pelo terramoto do passado dia 12 e que matou,
segundo o último balanço do Governo, cerca de 70 mil pessoas, deixando feridas mais
de 250 mil e ainda milhão e meio de haitianos sem casa. Mais do que a ausência
de logística capaz, tem sido de facto a insegurança - com a continuação de pilhagens
e tiroteios em zonas da capital haitiana, Port-au-Prince - a atrasar o esforço das
Organizações Não Governamentais (ONG) no país. Para protegê-las, Washington, a quem
cabe coordenar as operações de segurança por solicitação do Governo haitiano, enviou
2.200 marines, que se foram juntar aos 5000 soldados dos EUA que já estavam no terreno.
Serão bem precisos para obviar aos assaltos que as pessoas, famintas e em desespero,
têm tentado promover às instalações das ONG e também às tentativas de passagem para
o país vizinho, a República Dominicana. Em Portugal o presidente da Comissão
Episcopal da Pastoral Social, D. Carlos Azevedo, assegurou esta Terça-feira que a
Cáritas Portuguesa está a organizar uma “resposta eficaz e sólida” à tragédia gerada
pelo sismo do passado dia 12, no Haiti, “ao recolher fundos para socorrer as maiores
necessidades após esta primeira fase agitada por tamanha perturbação, vestida de exausto
luto”. D. Carlos falava na homilia da celebração eucarística pelas vítimas do
sismo, que decorreu na igreja de Santa Isabel, em Lisboa. Falando numa “hora atribulada
do povo do Haiti”, o Bispo auxiliar de Lisboa convidou os presentes “à liberdade da
partilha, dos gestos solidários, à caridade na verdade”. “Em cada hora da história
Deus chama-nos a ser livres mensageiros e testemunhas activas do seu amor, particularmente
em momentos que gritam por fraternidade”, alertou, a este respeito. O prelado quis
deixar claro que “o nosso Deus não é o que manda terramotos ou cheias para castigar
os humanos”. “À medida que cresce o conhecimento científico dos fenómenos naturais
somos chamados a assumir atitudes coerentes e consequentes no urbanismo e nos critérios
de desenvolvimento”, assinalou o Presidente da Comissão Episcopal de Pastoral Social