Cidade do Vaticano, 19 jan (RV) - Uma descoberta importante da Psicologia,
feita sobretudo por Freud, foi a do nosso inconsciente. A humanidade, que se considerava
totalmente segura nas suas decisões, através do livre arbítrio, de repente descobriu
que nem sempre é assim. Nos refolhos de nossa alma, há dobrinhas secretas que, sem
o percebermos, influenciam absurdamente nossas tendências, objetivos e tomadas de
posição.
Só nos cabe pedir ao autor do nosso íntimo: “Das profundezas clamo
a ti, Senhor” (Sl 130, 1). Mas, entre outros, Fromm descobriu que existe também o
inconsciente coletivo. Este se manifesta, segundo a minha leitura, em muitos acontecimentos,
até certo ponto, incompreensíveis. São as tendências, as “modas” sociais, cuja gênese
ninguém conhece. Os jornalistas, mais captam no ar essas idéias, sem seres seus criadores.
Lembro aos incautos, que essas idéias são apenas uma tônica, coexistindo com objetivos
diferentes e até contrários.
De repente, todo mundo se torna discípulo da igualdade
e fraternidade da revolução francesa. Quem quiser se considerar moderno, precisa se
inclinar às idéias dos iluministas. Num estalar de dedos, o marxismo e sua luta feroz
contra as classes possidentes, se torna predominante entre os acadêmicos. Os países
que querem ser atualizados precisam ser socialistas. No que deu essa aventura já
o sabemos de sobejo. Sem aviso de advertência, não pode haver mais nenhuma mulher,
nem quero dizer gorda, mas com uns quilinhos a mais do que prescrevem os especialistas.
E agora, depois de uma boa experiência democrática, aparece a democracia bolivariana,
entre certas nações sul-americanas (Venezuela, Equador, Bolívia, com forte estímulo
verde-amarelo).
É bom ver que é um bolivarismo, sem as verdadeiras idéias
de Bolívar. Aí tem, como diz o povo. E por último, apareceu o Projeto Nacional de
Direitos Humanos que, segundo dizem, é para “modernizar” o nosso país. Na sua maior
parte, o texto provém de ex-guerrilheiros - bastante refratários à ordem constitucional
- e de mentes distantes do cristianismo. Tenho a certeza de que eles não conseguiram
captar o inconsciente coletivo da nação brasileira. A distância entre o que o povo
deseja, e o que propõe essa elite secularizada, nem astrônomo consegue medir.
Dom
Aloísio Roque Oppermann scj – Arcebispo de Uberaba, MG Endereço eltrônico: domroqueopp@terra.com.br