Haiti : a tragédia do terramoto ainda sem números definitivos, mas as operações de
auxilio começam a ganhar forma
(19/1/2010) Sete dias depois do sismo, ainda é difícil falar de números definitivos
no Haiti. O Governo anunciou que 70 mil mortos foram já sepultados em valas comuns,
mas o general americano que coordena a operação de ajuda admite que as vítimas mortais
poderão chegar a 200 mil. A Cruz Vermelha Internacional alertou, entretanto, para
um aumento da violência e das pilhagens, um receio que levou já o secretário-geral
da ONU a defender o envio de mais 3500 polícias e soldados para a missão de paz no
país. No terreno, depois das queixas no atraso da distribuição da ajuda que já
chegou ao aeroporto, as operações de auxílio “começam pouco a pouco” a ganhar forma.
Até
ao momento, o Programa Alimentar Mundial (PAM) distribuiu 105 mil rações e a Organização
Internacional das Migrações está a montar um primeiro campo para os que perderam as
suas casas e que poderá acolher cerca de 100 mil pessoas. Um segundo campo, com uma
capacidade semelhante, aguarda ainda a chegada de mais tendas ao país.
Mas,
apesar dos progressos, o Comité Internacional da Cruz Vermelha avisa que a “situação
é catastrófica”. “O acesso aos abrigos, à água potável, a instalações sanitárias e
a tratamentos médicos continua extremamente limitado”, avisa a organização, que tem
já no terreno 400 trabalhadores.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da
União Europeia, reunidos esta segunda feira em Bruxelas aprovaram um pacote de ajudas
ao Haiti totalizando 429 milhões de euros. Este montante inclui um fundo de ajuda
humanitária de emergência, num total de 92 milhões de euros, e um programa de ajuda
à reconstrução de médio e longo prazo do país.
Esta segunda tranche será composta
por 107 milhões de euros, provenientes dos fundos comunitários, e que serão destinados
a acções urgentes não humanitárias (construção de estradas, prisões e edifícios públicos).
A Comissão Europeia vai também retirar 200 milhões de euros que estavam inscritos
no orçamento comunitário para outras acções e que não foram utilizados até agora.
Na
reunião de Bruxelas os Vinte e Sete decidiram também analisar um pedido da ONU para
o envio de uma pequena força policial destinada a apoiar a distribuição da ajuda internacional.
Segundo fontes diplomáticas, em causa está o envio de “140 a 150” agentes da Força
de Polícia Europeia, criada em 2004, e que integra cinco países: França, Itália, Espanha,
Portugal e Holanda.
Os chefes da diplomacia europeia pediram também maior coordenação
dos esforços de ajuda internacional. O apelo foi lançado depois de França ter pedido
à ONU para clarificar o papel dos Estados Unidos, que assumiram o controlo do espaço
aéreo haitiano e vão enviar dez mil soldados para ajudar as operações no terreno.
Paris e várias organizações humanitárias francesas contestaram os entraves colocados
à chegada do material que enviaram para o país, como um avião-hospital cuja aterragem
no aeroporto de Port au Prince terá sido negada.