2010-01-19 14:33:04

Haiti : a tragédia do terramoto ainda sem números definitivos, mas as operações de auxilio começam a ganhar forma


(19/1/2010) Sete dias depois do sismo, ainda é difícil falar de números definitivos no Haiti. O Governo anunciou que 70 mil mortos foram já sepultados em valas comuns, mas o general americano que coordena a operação de ajuda admite que as vítimas mortais poderão chegar a 200 mil. A Cruz Vermelha Internacional alertou, entretanto, para um aumento da violência e das pilhagens, um receio que levou já o secretário-geral da ONU a defender o envio de mais 3500 polícias e soldados para a missão de paz no país.
No terreno, depois das queixas no atraso da distribuição da ajuda que já chegou ao aeroporto, as operações de auxílio “começam pouco a pouco” a ganhar forma.

Até ao momento, o Programa Alimentar Mundial (PAM) distribuiu 105 mil rações e a Organização Internacional das Migrações está a montar um primeiro campo para os que perderam as suas casas e que poderá acolher cerca de 100 mil pessoas. Um segundo campo, com uma capacidade semelhante, aguarda ainda a chegada de mais tendas ao país.

Mas, apesar dos progressos, o Comité Internacional da Cruz Vermelha avisa que a “situação é catastrófica”. “O acesso aos abrigos, à água potável, a instalações sanitárias e a tratamentos médicos continua extremamente limitado”, avisa a organização, que tem já no terreno 400 trabalhadores.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, reunidos esta segunda feira em Bruxelas aprovaram um pacote de ajudas ao Haiti totalizando 429 milhões de euros. Este montante inclui um fundo de ajuda humanitária de emergência, num total de 92 milhões de euros, e um programa de ajuda à reconstrução de médio e longo prazo do país.

Esta segunda tranche será composta por 107 milhões de euros, provenientes dos fundos comunitários, e que serão destinados a acções urgentes não humanitárias (construção de estradas, prisões e edifícios públicos). A Comissão Europeia vai também retirar 200 milhões de euros que estavam inscritos no orçamento comunitário para outras acções e que não foram utilizados até agora.

Na reunião de Bruxelas os Vinte e Sete decidiram também analisar um pedido da ONU para o envio de uma pequena força policial destinada a apoiar a distribuição da ajuda internacional. Segundo fontes diplomáticas, em causa está o envio de “140 a 150” agentes da Força de Polícia Europeia, criada em 2004, e que integra cinco países: França, Itália, Espanha, Portugal e Holanda.

Os chefes da diplomacia europeia pediram também maior coordenação dos esforços de ajuda internacional. O apelo foi lançado depois de França ter pedido à ONU para clarificar o papel dos Estados Unidos, que assumiram o controlo do espaço aéreo haitiano e vão enviar dez mil soldados para ajudar as operações no terreno.
Paris e várias organizações humanitárias francesas contestaram os entraves colocados à chegada do material que enviaram para o país, como um avião-hospital cuja aterragem no aeroporto de Port au Prince terá sido negada.








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