2010-01-18 12:24:31

UM DRAMÁTICO 12 DE JANEIRO  


São Paulo, 18 jan (RV) – Todos estamos chocados com a catástrofe do Haiti.

Os dias não amenizam a dor causada pela tragédia na medida em que nos chegam as imagens e lemos as reportagens.

Um dos países mais pobres da América, politicamente instável que precisa da ação da ONU para garantir a paz interna em minutos tem sua capital e arredores transformados em ruínas.

Não há recursos técnicos e máquinas para dar conta do que aconteceu. As pessoas desesperadas procuram com as próprias mãos retirar dos escombros sobreviventes que gritam por socorro.

A tragédia não poupou militares brasileiros que serviam na Força de Paz e entre os civis estava a nossa querida Dra. Zilda Arns que a convite da UNICEF, acabara de dar uma palestra sobre os trabalhos da Pastoral da Criança.
Consagrou sua vida pessoal e profissional para tratar das crianças desnutridas e pobres com espírito de fé e caridade.

Entre as frases registradas nos meios de comunicação alguém resumiu com felicidade a sua vida: “viveu como santa, morreu como mártir”!

Como Cristo que ressurge do túmulo, ela deixa os escombros glorificada. Seus funerais, uma apoteose, sua vida e obra tomam conta de extensas matérias da mídia.
O lado triste de Haiti desperta esperanças, solidariedade, essa dimensão que muitas vezes parece está perdida.
As imagens que não param de chegar produzem impacto universal. Imaginemos mais de um milhão de pessoas atazanadas, desesperadas e famintas, andando de um lado para o outro entre corpos sem saberem o que fazer!

Há pouco tempo houve comoção nacional com a tragédia Angra dos Reis e São Luis de Paraitinga! A nação inteira dividiu a tristeza para sepultar as vítimas, mobilizou-se para reconstruir o que foi destruído e procurar corrigir o que apresenta riscos.

Mas, o que é tudo isso comparado com o que ocorreu no Haiti!
A natureza tem dado sinais...

As enchentes todas as tardes alagam regiões de São Paulo.
Há reclamações sobre a inoperância das autoridades e organismos responsáveis.

Continuam as discussões em reuniões, os debates nos programas de televisão, os protestos agressivos dos mais exaltados.
Tudo, porém vai continuar como antes.

Ninguém quer perder o espaço que conquistou mesmo que esteja condenado!

As tragédias vão se repetir...

O homem ainda não percebeu que não é o senhor da natureza!
Ela nos obriga a olharmos mais uns para os outros.

Não é preciso que aconteçam tragédias para que as pessoas descubram que a seu lado existem os que sofrem pela falta de sensibilidade, respeito e compreensão.

Muitos não estão sobre os escombros de um teto que desabou, mas tem sua dignidade arrasada pela desconsideração, discriminação social, injustiças e criminalidade institucionalizada.

Resta-nos contar com o amor que Jesus Cristo não deixou que desaparecesse!

Enquanto houver Terezas, Zildas ainda há esperanças!

Pe. Paulo D’Elboux, SJ







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