2010-01-17 18:21:22

PAPA NA SINAGOGA DE ROMA: JUDEUS E CRISTÃOS DEVEM PERCORRER CAMINHO DO DIÁLOGO, DA FRATERNIDADE E AMIZADE


Roma, 17 jan (RV) - Bento XVI visitou, na tarde deste domingo, a Sinagoga de Roma. Tal evento consolida o diálogo entre as duas comunidades católica e judaica, não obstante os momentos de particulares dificuldades.

O papa foi recebido pelo presidente da Comunidade Judaica de Roma, Riccardo Pacifici, pelo presidente da Comunidade Judaica Italiana, Renzo Gattegna, e pelo rabino-chefe da Sinagoga de Roma, Riccardo Di Segni.

O Santo Padre parou diante da lápide que recorda a deportação de 1.021 judeus para o campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, em 16 de outubro de 1943. O pontífice se deteve também diante da lápide que lembra o atentado de 9 de outubro de 1982, em que perdeu a vida Stefano Taché, menino judeu de dois anos e ficaram feridos 37 judeus que saíam do Templo.

Em seu discurso, o papa agradeceu ao rabino-chefe da Sinagoga de Roma pelo convite e pelas significativas palavras a ele proferidas, e às outras personalidades do mundo judaico ali presentes. A seguir Bento XVI acrescentou: "vindo até vocês pela primeira vez como cristão e como papa, o meu venerável predecessor João Paulo II, há quase 24 anos, quis dar uma contribuição decisiva em favor da consolidação das boas relações entre as nossas comunidades, para superar toda incompreensão e preconceito. Esta minha visita se insere no caminho traçado, para confirmá-lo e reforçá-lo. Com sentimentos de viva cordialidade me encontro em meio a vocês para manifestar a estima e o afeto que o Bispo e a Igreja de Roma, e toda a Igreja Católica, nutrem por esta Comunidade e pelas Comunidades Judaicas espalhadas pelo mundo."

Bento XVI recordou que o Concílio Vaticano II representou para os católicos um ponto decisivo de referência constante na atitude e nas relações com o povo judeu, abrindo uma nova e significativa etapa.

"O evento conciliar deu um impulso decisivo ao compromisso de percorrer um caminho irrevogável de diálogo, de fraternidade e amizade, caminho que se aprofundou e se desenvolveu nestes quarenta anos com passos e gestos importantes e significativos" – frisou ainda o papa.

"Também eu, nestes anos de pontificado, quis demonstrar minha proximidade e meu afeto ao povo da Aliança. Conservo bem vivo em meu coração todos os momentos da peregrinação que tive a alegria de realizar na Terra Santa, em maio do ano passado, como também os vários encontros com comunidades e organizações judaicas, em particular os das sinagogas de Colônia e Nova Iorque" – sublinhou Bento XVI.

O Santo Padre disse ainda que "a Igreja não deixou de condenar as faltas de seus filhos e filhas, pedindo perdão por tudo aquilo que pôde favorecer de algum modo as chagas do anti-semitismo e do anti-judaísmo".

O papa frisou que "como ensina Moisés na Shemá – e Jesus confirma no Evangelho, todos os mandamentos se resumem no amor de Deus e na misericórdia para com o próximo" – sublinhou o pontífice.

"Cristãos e judeus possuem uma grande parte comum de patrimônio espiritual, rezam ao mesmo Senhor, possuem as mesmas raízes, mas continuam reciprocamente desconhecidos um ao outro. Cabe a nós, como resposta ao chamado de Deus, trabalhar para que permaneça sempre aberto o espaço para o diálogo, o respeito recíproco, o crescimento na amizade, o testemunho comum diante dos desafios de nosso tempo, que nos convidam a colaborar para o bem da humanidade neste mundo criado por Deus, o Onipotente e Misericordioso" – ressaltou Bento XVI.

O Santo Padre fez um apelo para que na cidade de Roma onde, há dois mil anos, convivem a Comunidade Católica com seu bispo e a Comunidade Judaica com seu rabino-chefe, tal vivência possa ser animada por um crescente amor fraterno, que se expressa também na cooperação sempre mais forte a fim de oferecer uma contribuição válida na solução de problemas e dificuldades a serem enfrentadas.

O papa concluiu seu discurso invocando do Senhor o dom precioso da paz na Terra Santa, no Oriente Médio, enfim, no mundo inteiro e pediu a Deus para que reforce cada vez mais a fraternidade e o diálogo entre católicos e judeus. (MJ)







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