Cidade do Vaticano, 16 jan (RV) - Publicamos a seguir, na íntegra, a tradução
do editoral de ontem (15), escrito pelo diretor da Rádio Vaticano e da Sala de Imprensa
da Santa Sé, padre Federico Lombardi. (RD) Amor pelo Haiti O mundo está
certamente abalado pela tragédia do povo do Haiti, pelas milhares de vítimas, pelo
imenso número de feridos, pela dificuldade na organização do socorro em uma situação
de confusão geral, pela dor incomensurável de um povo inteiro, que já era contado
entre os mais pobres da Terra.
Também a Igreja, que vive com seu povo, foi
direta e dolorosamente atingida pela morte de tantos de seus membros, a começar pelo
próprio arcebispo da capital, e pela destruição de várias atividades suas.
O
papa imediatamente ergueu sua voz com palavras vibrantes de participação espiritual
e de apelo à solidariedade, e à sua se juntaram tantas outras, de todos os países,
particularmente os mais próximos no continente americano, de forma que podemos esperar
também desta vez – como já frequentemente no passado – que a gravidade da tragédia
se torne ocasião para uma longa disputa de solidariedade e de amor.
E este
amor generoso e genuíno é talvez o único verdadeiro consolo, a única grande resposta
a este mar de dor, como o amor de Cristo que morre na cruz é a única e verdadeira
resposta ao sofrimento do homem. Um sacerdote nos disse: “Nós haitianos estamos acostumados
às catástrofes: quando não são as naturais, são as políticas ou de outro tipo, que
sempre abalam o país; mas o povo a cada vez volta a esperar, e esta é uma esperança
cristã. Para os haitianos o amor é mais forte”.
Tantos agentes sociais e de
pastoral, testemunhas da solidariedade, já morreram nestes dias – diga-se de passagem,
“por amor” – com os haitianos, como a brasileira Zilda Arns, fundadora da maravilhosa
“Pastoral da Criança”.
Temos que continuar a acompanhar, através da solidariedade
e do amor, o ressurgir – mais uma vez – da esperança e do amor dos haitianos, dos
pobres e dos sofredores do mundo.