PAPA: IGREJA OFERECE SEU MAGISTÉRIO A TODOS OS QUE BUSCAM A VERDADE, TAMBÉM OS NÃO
FIÉIS
Cidade do Vaticano, 15 jan (RV) - O Magistério da Igreja é dirigido a todos
aqueles que buscam a verdade, fiéis e não-fiéis: assim se expressou o papa na audiência
desta manhã, na Sala Clementina, no Vaticano, aos participantes da plenária da Congregação
para a Doutrina da Fé.
Em particular, Bento XVI deteve-se sobre a contribuição
que a fé cristã pode dar no campo da bioética. Em seguida, ressaltou que o primeiro
compromisso do Sucessor de Pedro é custodiar a unidade dos fiéis.
A saudação
ao pontífice foi feita pelo prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal
William Joseph Levada.
O Sucessor de Pedro é "o primeiro custódio e defensor"
da fé, reiterou o papa, afirmando que, todavia, a Igreja quer contribuir para a formação
da consciência de todos, não somente dos fiéis.
O pontífice recordou que o
ministério petrino está, sobretudo, a serviço da unidade, e que o bispo de Roma é
chamado a obedecer à fé, "a fim de que a Verdade que é Cristo continue resplandecendo"
para todos os homens:
"Confirmar os irmãos na fé, mantendo-os unidos na confissão
do Cristo crucificado e ressuscitado, constitui, para aquele que se senta na Cátedra
de Pedro, a primeira e fundamental tarefa a ele dada por Jesus. Trata-se de um irrevogável
serviço do qual depende a eficácia da ação evangelizadora da Igreja até o fim dos
séculos."
Daí, os votos de que sejam "superados os problemas doutrinais ainda
existentes para o alcance da plena comunhão com a Igreja por parte da Fraternidade
São Pio X". Em seguida, o Santo Padre manifestou satisfação pelo empenho da Congregação
para a Doutrina da Fé em favor "da plena integração" na Igreja Católica de grupos
de fiéis e indivíduos pertencentes ao Anglicanismo:
"A fiel adesão destes grupos
à verdade recebida de Cristo e proposta pelo Magistério da Igreja não é, absolutamente,
contrária ao movimento ecumênico, mas mostra, ao invés, a sua finalidade última, que
consiste no alcance da plena e visível comunhão dos discípulos do Senhor."
Em
seguida, Bento XVI quis recordar a contribuição dada pela Congregação para a Doutrina
da Fé no campo da bioética, em particular com a publicação da Instrução "Dignitas
personae" de 2008. Em temas tão delicados e atuais como a procriação e a manipulação
de embriões, ressaltou o papa, a Instrução reiterou "o respeito que se deve a todo
ser humano, em quaisquer momentos da sua existência":
"Desse modo, o Magistério
da Igreja quer oferecer a sua contribuição para a formação da consciência não somente
dos fiéis, mas daqueles que buscam a verdade e querem ouvir argumentações que são
provenientes da fé, bem como da própria razão. De fato, a Igreja, ao propor avaliações
morais para a pesquisa biomédica sobre a vida humana, busca luzes tanto da razão quanto
da fé, na medida em que tem a convicção de que "aquilo que é humano não somente é
acolhido e respeitado pela fé, mas é também por ela purificado, elevado e aperfeiçoado"."
"Nesse
contexto – prosseguiu – dá-se, igualmente, uma resposta à mentalidade difusa, segundo
a qual a fé é apresentada como obstáculo para a liberdade e a pesquisa científica,
porque seria constituída de um conjunto de preconceitos que prejudicariam a compreensão
objetiva da realidade":
"Diante de tal atitude, que tende a substituir a verdade
pelo consenso, frágil e facilmente manipulável, a fé cristã oferece, ao invés, uma
contribuição da verdade também no âmbito ético-filosófico, não dando soluções preconstituídas
a problemas concretos, como a pesquisa e a experimentação biomédica, mas propondo
perspectivas morais confiáveis nas quais a razão humana pode buscar e encontrar soluções
válidas." (RL)