2010-01-14 14:08:11

Haiti: Sismo fez entre 100 e 500 mil mortos. Fome, dengue e violência são os novos riscos, com as Organizações humanitárias no terreno a sentirem-se impotentes para ajudar as vítimas


(14/1/2010) Dirigentes do Haiti estimam que o violento terramoto que abalou a capital possa ter causado entre cem mil e 500 mil mortes, número que é apenas um cálculo baseado numa avaliação preliminar. A situação humanitária é de crise profunda.
Autoridades e organizações internacionais calculam que três milhões de pessoas tenham sido directamente afectadas pelo terramoto de terça-feira à tarde, de magnitude sete na escala de Richter. Nas horas seguintes, várias réplicas com intensidades entre os 5,5 e 5,9 continuaram a destruição. E na noite de ontem ainda se repetiam pequenos abalos.
O país mais pobre do hemisfério ocidental não tem recursos próprios para responder a uma calamidade desta envergadura e os operacionais das agências de assistência humanitária no terreno nem sabem o que fazer.
Há um “afluxo maciço” de vítimas às clínicas improvisadas, muitas com ferimentos de elevada gravidade, salienta a organização “Médicos sem Fronteiras” quando a ajuda de emergência internacional começa só agora a chegar a conta gotas e se temem surtos de doenças epidémicas.
As forças de paz no Haiti – que já desempenhavam um papel de manutenção da ordem pública antes mesmo do terramoto – foram mobilizadas para manter a capital sob apertada vigilância, temendo-se a eclosão de motins e violência, depois dos primeiros relatos de pilhagens. Mas também aqui, os destroços de edifícios e pontes tornam impossível chegar a todas as áreas.
A ajuda humanitária para a população haitiana, entretanto começa a chegar. A bordo de vários aviões que já aterraram em Port-au-Prince, estão alimentos, mas também cães para procurar pessoas que estejam soterradas nos escombros.
Até agora, a ajuda humanitária aos haitianos tem-se limitado ao trabalho de grupos privados que estão no terreno e que distribuíram tendas e mantas aos sobreviventes, uma ajuda que é ainda muito pouca para as necessidades.
Para ajudar a amenizar esta catástrofe, a Cruz Vermelha, que vai enviar ainda esta quinta-feira 40 mil toneladas de medicamentos e kits médicos, já disse que vai necessitar de sete milhões de euros para assistir as vítimas deste terramoto.
A bordo do avião desta organização seguirá também uma equipa da Cruz Vermelha, sendo que dois destes membros têm como função colocar em contacto famílias que ficaram separadas, seguindo mais tarde uma equipa especializada na identificação de corpos.
O arcebispo de Port-au-Prince, D. Joseph Serge Miot, morreu também na sequencia do sismo.  O corpo do prelado foi encontrado nas ruínas do gabinete da arquidiocese.
“Port-au-Prince está completamente devastada. A catedral, o arcebispado, todas as grandes igrejas e todos os seminários reduziram-se a um monte de escombros”, afirmou o núncio apostólico em Haiti, D. Bernardito Auza.
Os missionários franceses que residem na cidade referiram que muitos dos sobreviventes estão a refugiar-se em tendas no jardim do Seminário.
Não há ainda notícias sobre o vigário geral da capital haitiana, Mons. Benoît Seguiranno, desaparecido após o tremor de terra.








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