Roma, 13 jan (RV) - Investiga-se em Uganda sobre o terrível fenômeno dos sacrifícios
humanos. Como refere uma reportagem de Matteo Fraschini Koffi de Nairobi, publicada
ontem no jornal da Conferência Episcopal Italiana Avvenire, em 2009 dez pessoas foram
acusadas de homicídio no país africano em relação à cruel prática. Por esse motivo
o governo de Uganda criou no último ano uma unidade de crise que se ocupa dos sacrifícios
humanos: 15 casos de homicídio e 200 sequestros de pessoas estão sendo investigados
no momento. Além do mais, dois mil agentes de polícia, com a ajuda dos Estados Unidos,
foram treinados para combater o tráfico de menores.
Não são raras as detenções
de pais e parentes – refere a reportagem do jornal Avvenire – acusados de vender crianças
com a finalidade de sacrifícios. Através dos meios de comunicação, os feiticeiros
promovem as suas atividades e pedem ingentes somas de dinheiro para sacrificar seres
humanos e animais. As pessoas que pagam por esses serviços acreditam que o sangue
ajude a adquirir riqueza.
“Casos de sacrifícios humanos sempre existiram,
sobretudo na região central de Uganda” - explica Elena Lomeli, voluntária de uma Ong
local “Anppcan”, promotora dos direitos da criança - “mas ultimamente, acrescenta,
há um novo grupo de feiticeiros tradicionais que têm particular sucesso devido ao
aumento do desemprego e da pobreza. Casos desse gênero estão ligados também à venda
de órgãos.
Cadáveres encontrados pela polícia nos últimos meses estavam sem
os rins, fígado, e outras partes do corpo que não estão ligadas aos ritos tradicionais.
No último mês de maio um relatório publicado pelo Departamento de Estado americano
declarava Uganda um centro internacional do tráfico de seres humanos e denunciava
o cada vez mais preocupante cenário no leste do país no qual são “comercializadas”
as partes do corpo.
“Estamos investigando sobre a possibilidade de que alguns
desses homicídios sejam obra de uma rede internacional responsável pelo tráfego de
órgãos”, afirma Moses Binoga, do Departamento de investigação. “É provável que procurem
fazer passar os assassinatos como obra de feiticeiros tradicionais que realizam sacrifícios
humanos”.
Ultimamente, porém, a batalha contra as cruentas práticas dos feiticeiros
teve qualquer sucesso. Alguns feiticeiros arrependidos, por exemplo, decidiram ajudar
a polícia a procurar os responsáveis pelos sacrifícios humanos. Em outras ocasiões
foram realizadas cerimônias públicas nas quais vários instrumentos dos feiticeiros
foram queimados diante da população. (SP)