MALÁSIA: ARCEBISPO DE KUALA LUMPUR FALA SOBRE ATENTADOS A IGREJAS CATÓLICAS
Roma, 13 jan (RV) – Manifestando-se sobre os ataques praticados contra três
Igrejas em seu país, a Malásia, Dom Murphy Pakian, Arcebispo de Kuala Lumpur, assinalou
que logo depois dos atentados por parte de extremistas islâmicos, como resultado da
controvérsia no uso da palavra "Alá" por parte de católicos, os cristãos "rezam e
mantêm a calma sem responder às provocações".
Segundo a agência vaticana Fides,
Dom Pakian disse: "nós cristãos condenamos qualquer forma de violência e a todos aqueles
que procuram criar desordem na sociedade e conflitos entre as comunidades religiosas".
O religioso contou ainda que muitos grupos importantes de muçulmanos, como o Party
Islã Se-malaysia, se uniram aos cristãos na condenação da violência.
Lembrou
também que em malaio só existe o termo ‘Alá’ para referir-se a Deus e, como a Constituição
federal permite a liberdade de culto e religião, “é inconstitucional aplicar restrições
lingüísticas ou de culto aos cristãos malaios que se expressam em seu idioma”.
O
Arcebispo de Kuala Lumpur indicou ainda o desejo dos cristãos de "ser uma comunidade
que viva o diálogo e difunda a paz no país".
De acordo com os cristãos malaios,
a disputa sobre o uso da palavra “Alá” tem raízes muito mais políticas do que teológicas.
Segundo eles, isso é uma tentativa do partido governista, United Malays National Organization,
de reaver votos perdidos.
O líder da oposição, Anwar Ibrahim, do partido People
Justice, condenou firmemente os ataques e acrescentou que "Alá é o termo normalmente
usado pelos muçulmanos, judeus e cristãos de língua árabe há 14 séculos".
Porém
essa polêmica não é de hoje. Seu inicio foi em 1995, quando o semanário católico da
arquidiocese de Kuala Lumpur, The Herald, publicou artigos nos quais referia-se a
Deus por “Alá”.
Em 2006, o Governo malaio declarou publicamente a intenção
de impedir as publicações cristãs em língua malaia de fazer uso da palavra “Alá” para
indicar Deus.
No último dia 31 de dezembro, o Supremo Tribunal de Justiça da
Malásia emitiu um parecer favorável ao uso da palavra “Alá” por cristãos e apenas
cinco dias depois, grupos de fiéis muçulmanos convocavam, pela internet, a protestar
contra a decisão. A partir do dia 8, iniciaram-se os ataques contra alvos cristãos,
que já se somam nove, entre igrejas católicas e cristãs. (LC)