Paris, 12 jan (RV) - O padre jesuíta francês Jean-Yves Calvez, teólogo e filósofo
especialista em marxismo, considerado um dos maiores intelectuais católicos do século
XX, faleceu ontem em Paris, aos 82 anos, de infarto. Pe. Calvez começou a interessar-se
pelo marxismo logo após a II Guerra e em 1956, em plena revolta na Hungria, publicou
a obra clássica “O pensamento de Karl Marx”, que o colocou em contato com vários políticos
e ideólogos comunistas europeus.
Visto como o teólogo que iniciou o diálogo
com o mundo intelectual marxista, Pe. Calvez foi convidado para dar palestras em muitos
países da então Cortina de Ferro, até mesmo antes da queda do Muro, em 1989.
Jean-Yves
Calvez teve uma trajetória de vida muito interessante e repleta de reflexão sobre
os grandes problemas sociais da humanidade. Dentre os livros publicados no Brasil,
citamos “A Economia, o Homem, a Sociedade” (Loyola, 1995) e “Política. Uma Introdução”
(Ática, 1997). Pe. Calvez era também um proeminente especialista na Doutrina Social
da Igreja, à qual dedicou obras que ainda hoje são referência: “A Igreja diante do
liberalismo econômico”, “Ética por uma sociedade em transformação”, “Economia, homem
e sociedade”, “O Evangelho no social”, “Fé e justiça: a Dimensão Social da Evangelização”.
Em
2007, publicou na França o livro que resume quase 60 anos de estudos: “Marx e o marxismo”.
Padre Calvez ensinou por muito tempo filosofia no Instituto de Estudos Políticos de
Paris e no Instituto de Estudos Sociais. No âmbito da Companhia de Jesus, foi padre
provincial da França (1967-71) e assistente e conselheiro do Padre Pedro Arrupe (1971-83).
Colaborador
de numerosas revistas e cotidianos franceses e estrangeiros, Pe. Calvez foi um dos
principais pensadores católicos sobre questões de atualidade. Ao longo dos anos, fez
intervenções sobre existencialismo, Concílio Vaticano II, sobre a contestação estudantil
de maio de 1968, sobre a teologia da libertação, a questão operária, a queda do Muro
de Berlim e os problemas da sociedade capitalista. (CM)