FR. PIZZABALLA: MAIS UM MURO PODE DIVIDIR O ORIENTE MÉDIO

Jerusalém, 12 jan (RV) - O primeiro-ministro israelense, Benyamin Netanyahu, deu permissão aos projetos para a construção de uma barreira na fronteira com o Egito para impedir o ingresso a migrantes clandestinos provenientes da África e àqueles que o premiê definiu "terroristas".

Nos últimos anos, milhares de africanos entraram em Israel atravessando o confim com o Egito. Todavia, Netanyahu garantiu que o Estado judeu continuará a acolher os refugiados provenientes de regiões de conflito. Sobre as possíveis repercussões do muro entre Israel e Egito, a Rádio Vaticano entrevistou o Custódio da Terra Santa, Fr. Pierbattista Pizzaballa:

Fr. PIZZABALLA:- "Não haverá grandes repercussões na fronteira: mesmo que não exista agora uma barreira, já é uma região muito controlada. O muro servirá para acentuar a separação, a impenetrabilidade do confim."

P.:- Que efeitos tiveram os muros esses anos com os Territórios Palestinos?

Fr. PIZZABALLA:- "Esses muros estão fechando: de fato, Israel se tornou um enclave separado em relação ao restante do Oriente Médio. Obteve efeitos: é preciso reconhecer honestamente que os atentados praticamente desapareceram."

P.:- E para a população palestina?

Fr. PIZZABALLA:- "Para os palestinos, os efeitos são dramáticos, porque estão separados das escolas, do trabalho, das atividades: inteiras comunidades estão divididas. O muro bloqueia a vida de milhares de palestinos. Sobretudo nas regiões entre Jerusalém e Belém, o muro separa as crianças da escola, as pessoas do hospital, os homens do local de trabalho, criando sérios problemas para a vida do dia-a-dia."

P.:- Quais são os votos da Igreja na Terra Santa para a população local?

Fr. PIZZABALLA:- "Que a Igreja continue, como o papa está fazendo, e assim também os bispos, a estar presente primeiramente com a oração, mas também com uma ação incisiva nos meios de comunicação e entre as autoridades políticas, para que esta realidade não seja esquecida e seja enfrentada com a serenidade necessária." (BF)