Cidade do Vaticano, 11 jan (RV) - No Angelus de ontem, Bento XVI pediu respeito
aos direitos dos imigrantes.
"O imigrante é um ser humano, diferente por cultura
e tradições, mas igualmente respeitável" – disse o pontífice. "A violência jamais
deve ser a forma de resolver as dificuldades."
Assim, Bento XVI se referiu
à onda de violência que nos últimos dias atingiu a região da Calábria, sul da Itália,
onde 67 pessoas ficaram feridas em choques que envolveram imigrantes africanos, policiais
e a população local.
"O problema é, antes de tudo, humano. Convido a olhar
o rosto do outro e a descobrir que ele tem uma alma, uma história e uma vida: é uma
pessoa, e Deus a ama como ama a mim" – ressaltou o papa.
A violência em Rosarno,
pequena localidade da Calábria, teve início na quinta-feira, quando dois africanos
foram atingidos por tiros disparados com uma arma de ar comprimido. A reação da comunidade
estrangeira foi violenta. Carros, vitrines de lojas e cestos de lixo foram depredados.
A população local reagiu ao clima de hostilidade e a polícia teve de intervir.
Ontem, pelo terceiro dia seguido, os imigrantes foram vítimas de ataques. Há 67 feridos
ao todo; na maioria, estrangeiros. Alguns deles foram agredidos com barras de metal
e seis tiveram de ser hospitalizados.
Centenas de africanos trabalham temporariamente
nos arredores de Rosarno na colheita das lavouras, submetidos a longas jornadas de
trabalho e baixos salários. Grande parte vive em galpões abandonados.
Depois
da onda de violência, 1.128 estrangeiros foram retirados ou deixaram a região por
conta própria. Os que foram transferidos estão em centros de acolhida em Bari e Crotone.
"É necessário recomeçar a partir do coração do problema" – disse ontem o papa.
"É necessário recomeçar a partir do significado da pessoa. Um imigrante é um ser humano,
uma pessoa que deve ser respeitada, com direitos e deveres, em especial no âmbito
do trabalho, em que é mais fácil a tentação à exploração, mas também quanto a suas
condições concretas de vida." (BF)