INAUGURADO NO VATICANO ANO JUDICIAL: SISTEMA EQUILIBRADO E EFICIENTE, DIZ PROMOTOR
DE JUSTIÇA
Cidade do Vaticano, 09 jan (RV) - É preciso crescer na "consciência" de que
a justiça, como a harmonia e a paz, "não são plenamente alcançáveis sem a adesão a
Deus". Com essas palavras, o cardeal secretário de Estado Tarcisio Bertone concluiu
na manhã deste sábado, na capela do prédio do Governatorato, a homilia da missa de
inauguração do Ano judicial no Vaticano.
Durante a homilia, o Cardeal Bertone
fez também uma premente exortação:
Que a "lógica humana" que preside o exercício
da justiça seja sempre inserida "numa perspectiva maior", uma perspectiva que vem
do Evangelho – auspiciou:
"Somente aderindo ao amor de Cristo tornamo-nos capazes
de difundir este amor ao nosso redor e de testemunhá-lo nos vários âmbitos em que
somos chamados a atuar, inclusive no âmbito da justiça, cuja administração pede competência
humana a quem crer, mas também capacidade de ir além, a fim de que tudo, inclusive
uma eventual decisão desfavorável, seja ditada pelo amor maior que nasce de Deus."
Após
a celebração, o promotor de justiça vaticano, o advogado Nicola Picardi, em seu relatório,
definiu 2009 como um ano de "ótima produtividade" para os aparatos judiciais do Estado.
Segundo
Picardi, o sistema judicial vaticano, em seu conjunto, encontra-se na fase atual "suficientemente
equilibrado e eficiente. O relatório do promotor de justiça – referente aos últimos
12 meses de atividades dos tribunais e das repartições judiciais vaticanas – foi permeado
de uma geral satisfação.
Após a ampla e tradicional descrição sobre a evolução
histórica da justiça vaticana, Picardi expôs as cifras relativas ao último ano durante
o qual, afirmou, "o sistema judicial alcançou uma ótima produtividade".
Entre
as cifras apresentadas destacam-se 474 processos civis e 446 processos penais registrados
no ano passado no Estado. O promotor de justiça chamou a atenção para a habitual desproporção
que se registra todos os anos entre o total dos processos civis e penais enfrentados
nos vários tribunais vaticanos e o exíguo número de habitantes – 492 – que residem
no Estado.
Picardi precisou que as cifras se referem aos cerca de 18 milhões
de peregrinos e turistas que transitam todos os anos, sobretudo na Basílica de São
Pedro e nos Museus Vaticanos, e aos quais é imputado 99% do contencioso.
Por
fim, tratando do capítulo relacionado à cooperação internacional no que concerne à
atividade investigativa e à tutela da segurança, o promotor de justiça vaticano reiterou
que hoje tal colaboração não é possível "sem considerar os vínculos de interdependência
entre os sistemas judiciais dos diversos Estados e sem uma eficaz colaboração entre
as respectivas autoridades judiciais".
Insere-se nesse quadro, observou, o
fenômeno do terrorismo internacional, que "parece exigir novas formas de cooperação
voltadas ao aperfeiçoamento de medidas em favor da tutela da segurança".
Picardi
ressaltou que no âmbito da segurança, após a adesão do Estado do Vaticano à Interpol
em 2008, "um ulterior posso importante poderia ser representado pela adesão deste
Estado à Eurojust, a Agência européia com sede em Haia, na Holanda, que há seis anos
está realizando uma vasta ação contra o terrorismo internacional, incluindo também
a luta contra o crime além-fronteiras. (RL)