IGREJA TAMBÉM CRITICA PLANO DE DIREITOS HUMANOS DE LULA
Brasília, 09 jan (RV) - O 3º Programa Nacional dos Direitos Humanos, qualificado
por comandantes militares como "insultuoso, agressivo e revanchista" em relação às
forças armadas, tem provocado também reações de descontentamento e críticas ao Governo
do presidente Lula, por parte de setores da Igreja Católica.
Bispos, padres
e leigos engajados em movimentos pró-vida reagem a quatro artigos do documento tornado
público no mês passado.
Os itens propõem ações coordenadas de governo para
apoiar "a aprovação do projeto de lei que descriminaliza o aborto", "mecanismos para
impedir a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos", "a união
civil entre pessoas do mesmo sexo" e "o direito de adoção por casais homoafetivos".
A defesa desses valores é tão ofensiva a setores da Igreja Católica quanto
foi, para os militares, a proposta de se criar uma "comissão nacional da verdade",
também contida no programa, com o objetivo de examinar as violações de direitos humanos
praticadas durante a ditadura (1964-1985).
"Vemos nessas iniciativas uma atitude
arbitrária e antidemocrática do governo Lula" – afirma o bispo de Assis, Dom José
Simão, responsável pelo Comitê de Defesa da Vida do Regional Sul-1 da CNBB (Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil), que congrega as dioceses do Estado de São Paulo.
Dom
José Simão declara que essa insatisfação é compartilhada por outros bispos brasileiros:
"A igreja é contra. É claro que os arcebispos, os bispos são contrários (ao documento)."
Ele afirma que tem entrado em contato com outros religiosos e que trabalha
para articular um manifesto da Igreja no Brasil em repúdio às medidas defendidas pelo
programa de direitos humanos: "Pretendemos reunir, na primeira oportunidade, alguns
bispos para discutir sobre essa questão" - assegurou.
O objetivo de Dom José
é conseguir uma declaração da CNBB sobre o tema, mas há bispos, mesmo entre aqueles
que compartilham de sua indignação, que preferem não bater de frente com o Planalto.
Grupos contrários ao aborto também se têm articulado para tentar fazer frente
ao programa de direitos humanos: a presidente da Federação Paulista dos Movimentos
em Defesa da Vida, Maria Dolly Guimarães, afirma que leigos têm escrito aos bispos,
pedindo que a Igreja se manifeste sobre o tema. (AF)