ASSOCIAÇÃO CATÓLICA PATRIÓTICA ESPERA QUE CHINA ESTABELEÇA RELAÇÕES COM ROMA SOB BENTO
XVI
Pequim, 09 jan (RV) – O vice-presidente da Associação Católica Patriótica –
a Igreja Católica oficialmente reconhecida na China - Anthony Liu Bainian, espera
que durante o pontificado de Bento XVI "China e Vaticano possam estabelecer relações
diplomáticas".
Ainda que a associação – sancionada pelo regime comunista e
que reúne 5 milhões de fieis chineses – não reconheça a autoridade do pontífice romano
desde 1951, sua foto se encontra numa das paredes da sala onde Liu recebeu a agência
espanhola de notícias EFE, para uma entrevista.
"Eu, pessoalmente, respeito
muito o Papa Bento XVI. Ele tem promovido o desenvolvimento das relações entre a China
e o Vaticano" – disse Liu Bainian, antes de acrescentar: "Oxalá essas relações se
estabeleçam durante seu pontificado: estamos rezando para que isso aconteça" – afirmou.
Ainda
que os primeiros cristãos tenham chegado à China no século VII, o país asiático sempre
viu com certo receio os missionários, porque os relaciona com o trauma colonial dos
séculos XIX e XX.
Desde a guerra dos Boxer (1899-1900), em parte contra esses
missionários, até a ruptura dos laços diplomáticos, em 1951, com a sucessiva excomunhão
dos bispos designados pelo governo de Mao Tsé-tung, as relações entre o Vaticano e
Pequim têm sido tensas.
Liu, de 76 anos, explica que, na época colonial, havia
130 paróquias no país, e apenas 29 bispos eram de nacionalidade chinesa; os demais
eram todos estrangeiros. Após a expulsão dos missionários, por ordem de Mao Tsé-tung,
a Igreja oficialmente reconhecida começou a escolher os bispos por sua própria conta,
independentemente da aprovação de Roma que, segundo os cânones, não os reconhecia.
"O
Vaticano acreditava que o regime comunista duraria pouco e que os missionários estrangeiros
logo voltariam ao país, por isso não aceitou os bispos escolhidos por nós. Nós cremos
que o poder de eleger os bispos vem de Deus e não do Vaticano e, assim sendo, desde
1858 escolhemos e nomeamos um total de 170 bispos" – revelou Liu Bainian.
O
interesse vaticano em distender as relações com Pequim ficou patente em 2007, quando
Bento XVI aceitou – pela primeira vez em mais de meio século – um bispo nomeado pelo
regime chinês, Dom Joseph Li Shan.
Na opinião de Liu, os empecilhos diplomáticos
freiam o crescimento do Catolicismo na China – o país mais populoso do mundo – e favorece
a expansão dos protestantes e evangélicos, que, em apenas uma década duplicaram o
número de seus adeptos e contam, atualmente, 21 milhões de fieis.
Liu Bainian
considera que a ausência de laços com a Santa Sé e a exigência de fazer três meses
de catequese antes da conversão, colocam os católicos em situação de desvantagem em
relação aos demais cristãos, que promovem conversões aceleradas.
No que diz
respeito à perseguição dos cristãos, Liu nega que ela exista, argumentando que "isso
é coisa do passado, do tempo da Revolução Cultural, nos anos 1966-76... hoje não existe
mais". (AF)