2010-01-06 11:08:42

A luz que vem do presépio já não pode ser ignorada e continua a resplandecer em todo o mundo. Toca a nós testemunhá-la. Bento XVI na homilia da Missa da Epifania do Senhor


(6/1/2009) Nesta quarta-feira, dia 6, solenidade da Epifania do Senhor, feriado em Itália, não teve lugar a costumada audiência - geral do Papa, que durante a manhã presidiu, na basílica de São Pedro, a uma celebração eucarística.
A homenagem dos Magos ao Jesus Menino, reconhecido como o Deus Salvador, assinala um início, algo de novo, traça uma estrada que muitos outros percorrerão. A luz que vem do presépio já não pode ser ignorada e continua a resplandecer em todo o mundo. Toca a nós testemunhá-la.
Na homilia da Missa da Epifania, na basílica de São Pedro, Bento XVI comentou a Leitura do profeta Isaías e o episódio evangélico dos magos, no Evangelho de São Mateus.

O que é que Isaías viu, com o seu olhar profético? – interrogou-se. “num só momento, ele perscruta uma realidade destinada a marcar toda a história”. E o episódio dos Magos é só um início.

“Aqueles personagens vindos do Oriente não são os últimos, mas os primeiros da grande procissão dos que, através de todas as épocas da história, sabem reconhecer a mensagem da estrela, sabem caminhar sobre os caminhos indicados pela Sagrada Escritura e sabem assim encontrar Aquele que aparentemente é débil e frágil, mas que tem, pelo contrário, o poder de doar ao coração do homem a maior e mais profunda das alegrias”.

N’Ele, de facto, se manifesta a extraordinária realidade de um Deus que nos conhece e está junto de nós e cuja grandeza e potência não se exprimem na lógica do mundo, mas na lógica de um menino inerme, cuja força é unicamente a do amor que se confia a nós. No caminho da história sempre houve pessoas iluminadas pela luz da estrela, que encontram o caminho e chegam até Ele. Todas essas pessoas vivem, cada uma a seu modo, a mesma experiência dos Magos.

O ouro, incenso e mirra que os Magos oferecem a Jesus não são dons que correspondam às necessidades primárias e quotidianas, mas têm um significado profundo: são um acto de justiça. Segundo a mentalidade daquele tempo, no Oriente, representam o reconhecimento de que aquele Menino é Deus e Rei. Aquelas ofertas constituem portanto um acto de submissão. Os magos não voltam, assim, a encontrar Herodes.

“Foram encaminhados para sempre pela estrada do Menino, a via que os fará descurar os grandes e os potentes deste mundo e os levará Àquele que no aguarda no meio dos pobres, o caminho do amor, o único que pode transformar o mundo”.

É isto o que nos toca testemunhar no mundo. “O que nos é dito e que procuramos reproduzir no presépio – prosseguiu o Papa - não é um sonho, nem um vão jogo de sensações e emoções, sem vigor nem realidade. É, isso sim, a Verdade que irradia no mundo”. “Somente naquele Menino se manifesta a força de Deus, que congrega os homens de todos os séculos, para que sob o seu domínio percorram as estradas do amor, que transfigura o mundo”.
E contudo, observou Bento XVI, por muitos que sejam, os que acreditam em Jesus parecem sempre poucos. “Muitos viram a sua estrela, mas poucos compreenderam a sua mensagem. Podemos então interrogar-nos: por que é que alguns vêem e encontram, e outros não? O que é que abre os olhos e o coração? O que é que falta àqueles que permanecem indiferentes (…)? Podemos responder: a demasiada segurança em si mesmos, a pretensão de conhecer perfeitamente a realidade, a pretensão de ter já formulado um juízo definitivo sobre as coisas – tornam os seus corações insensíveis e fechados à novidade de Deus”.

“Estão seguros da ideia que se fizeram do mundo e já não se deixam abalar no íntimo pela aventura de um Deus que os quer encontrar. Repõem a sua confiança mais em si mesmos do que n’Ele e consideram que Deus não é suficientemente grande para poder fazer-se pequeno, para poder mesmo aproximar-se de nós”.

Em última análise – considerou Bento XVI, o que falta é a autêntica humildade e a autêntica coragem.

“Falta a capacidade evangélica de ser criança no coração, de maravilhar-se, e de sair de si para seguir o caminho que indica a estrela, o caminho de Deus. Mas o Senhor tem o poder de nos tornar capazes de ver, tem o poder de nos salvar. Queremos, pois, pedir-Lhe que nos dê um coração sapiente, inocente, que nos permita ver a estrela da sua misericórdia e encaminharmo-nos pela sua estrada, para O encontrarmos e sermos inundados da grande luz e da verdadeira alegria que Ele trouxe a este mundo”.











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