PAPA: "PAZ COMEÇA PELO RESPEITO POR QUEM É DIVERSO DE NÓS"
Cidade do Vaticano, 1º jan (RV) - O pontífice presidiu esta manhã, na Basílica
de São Pedro, a missa que, em coincidência com o primeiro dia do ano civil, celebra
a Solenidade de Maria, Mãe de Deus, e ao mesmo tempo, o 43º Dia Mundial da Paz.
Concelebraram
com o papa os cardeais Tarcisio Bertone, secretário de Estado, e Renato Raffaele Martino,
presidente emérito do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz.
“A paz começa
com o olhar respeitoso, que reconhece na face do outro uma pessoa, independente da
cor de sua pele, da sua nacionalidade, língua ou religião” – lembrou Bento XVI em
sua homilia. Para o papa, “somente se tivermos Deus no coração, somos capazes de reconhecer
na face do outro um irmão na humanidade”.
O papa convidou todos a realizar
projetos de paz, depor as armas de todo tipo e esforçarem-se, juntos, para construir
um mundo mais digno do homem. Recordando o sofrimento de tantas crianças atingidas
por guerras em muitas partes do mundo, disse que “o rosto destes pequenos inocentes
é um apelo silencioso à nossa responsabilidade”. Dirigindo-se aos embaixadores de
todos os países representados junto à Santa Sé, o papa advertiu:
“No dia dedicado
a Maria, Mãe de Deus, a imagem da ternura encontra o seu trágico contrário nas dolorosas
imagens de tantas crianças e de suas mães à mercê de guerras e violências: deslocados,
refugiados, migrantes forçados. Faces marcadas pela fome e pelas doenças, faces desfiguradas
pela dor e pelo desespero”.
Em referência ao 43º Dia Mundial da Paz, o pontífice
evocou com veemência a responsabilidade de quem vive na terra para com a preservação
da Criação:
“Se o homem se degrada, degrada o ambiente em que vive; se a cultura
tende para um niilismo, não teórico, mas prático, a natureza pagará as conseqüências.
Existe um nexo direto entre o respeito do homem e a salvaguarda da Criação” – disse.
Assim – continuou – “é importante sermos educados desde pequenos ao respeito
do próximo, mesmo quando é diferente de nós, e à responsabilidade ecológica, baseada
no respeito do homem e de seus direitos e deveres fundamentais”.
Bento XVI
pediu que sigamos o exemplo das crianças de hoje, cada vez mais em contato com coetâneos
de várias nacionalidades, que despertam em nós a ternura e a alegria por uma inocência
e uma irmandade que nos parecem evidentes:
“Apesar das suas diferenças, choram
e sorriem do mesmo modo, têm as mesmas necessidades, comunicam espontaneamente, brincam
juntas... As faces das crianças são como um reflexo da visão de Deus sobre o mundo.
Por que então tirar os seus sorrisos? Por que envenenar os seus corações?”.
Em
sua homilia deste início de ano, Bento XVI re-propôs o conceito de ‘ecologia humana’,
usado pela primeira vez por João Paulo II, fortemente propagado por papa Ratzinger
em sua encíclica 'Caritas in veritate', e retomado na mensagem para o Dia Mundial
da Paz 2010: “Se queres cultivar a paz, preserva a criação”.
“O homem é capaz
de respeitar a criatura na medida em que traz no próprio espírito um pleno sentido
da vida; de outro modo será levado a desprezar a si mesmo e ao que o circunda, a não
ter respeito pelo ambiente em que vive, pela Criação. Quem sabe reconhecer no cosmos
os reflexos do rosto invisível do Criador, é levado a ter maior amor pela criatura
e maior sensibilidade pelo seu valor simbólico”. (CM)