O PESAR DO PAPA PELO FALECIMENTO DO ARCEBISPO EMÉRITO DE TÓQUIO, CARDEAL SHIRAYANAGI
Cidade do Vaticano, 30 dez (RV) - Faleceu na manhã desta quarta-feira, no Japão,
o arcebispo emérito de Tóquio, Cardeal Peter Seiichi Shirayanagi. O purpurado, em
tratamento por problemas cardíacos, tinha 81 anos. Recentemente fora transferido para
a Casa de cura para anciãos sacerdotes da Companhia de Jesus "Lojola House", onde
expirou serenamente.
O papa, num telegrama enviado ao atual arcebispo de Tóquio,
Dom Peter Takeo Okada, expressou o seu profundo pesar pela morte do cardeal, cujo
"inexorável empenho na difusão do Evangelho no Japão" foi recordado com gratidão,
bem como "a sua obra de promoção da justiça e da paz e os seus incansáveis esforços
em favor dos refugiados".
O Cardeal Shirayanagi, doutor em Filosofia, Teologia
e Direito Canônico, tornou-se sacerdote aos 26 anos, arcebispo de Tóquio aos 42 anos
e cardeal aos 66 anos.
Em fevereiro de 1981 acolheu João Paulo II por ocasião
da primeira visita papal ao Japão. Conhecido por seu compromisso em favor da paz e
do desarmamento internacional, relançou a evangelização no País do Sol Levante, com
uma particular atenção aos problemas sociais, entre os quais a questão dos refugiados.
Em
1986, durante a Assembléia geral dos bispos asiáticos, admitiu as culpas de guerra
da Igreja Católica no Japão. Três anos depois, formou um grupo de religiosos e leigos
para visitar a Igreja Católica na China com o propósito de encontrar os católicos
chineses.
Entre os objetivos da visita encontrava-se o pedido de perdão pelos
crimes cometidos pelo exército imperial japonês contra o povo chinês e a Igreja Católica
na China, e a ajuda na reconstrução de igrejas, seminários e institutos religiosos.
Desempenhou uma importante obra de ajuda em favor das minorias cristãs na Ásia.
No
dia 24 de novembro do ano passado participou em Nagasaki da beatificação de 188 mártires
japoneses, em grande parte leigos – mulheres crianças e também portadores de deficiência
– barbaramente torturados e assassinados por ódio à fé no ano 1600.
Falando
dessas testemunhas da fé, o purpurado ressaltara: eram pessoas normais, mas acreditavam
realmente em Jesus e preferiram obedecer a Deus e não aos decretos anticristãos dos
generais japoneses, e por isso deram a vida.
As exéquias do Cardeal Shirayanagi
se realizarão na próxima terça-feira, 5 de janeiro, na Catedral de Tóquio. Com a sua
morte o Colégio cardinalício fica agora composto por 184 purpurados, 112 dos quais
"eleitores" e 72 "não-eleitores" num eventual conclave. (RL)