Guatemala, 30 dez (RV) - O Conselho Ecumênico da Guatemala lamentou ontem a
escassa atenção dedicada pelos Governos para a agenda de paz, 13 anos depois do acordo
que pôs fim ao longo conflito armado que viveu o país. Em 36 anos (1960-1996), a guerra
civil guatemalteca deixou 200 mil vítimas, entre mortos e desaparecidos.
Juntos
em cerimônia na Catedral Metropolitana, os representantes da Conferência Episcopal,
das Igrejas Luterana e Evangélica e da Conferência dos Religiosos da Guatemala, se
disseram preocupados com a estagnação dos acordos. Segundo eles, a pior conseqüência
desta situação é a baixa qualidade de vida do povo.
Os Governos que se sucederam
no tempo “permitiram a implementação de políticas neoliberais e o crescimento dos
grupos de poder paralelo e do narcotráfico” – disse o pároco da catedral, Pe. José
Colmenares.
“Não obstante as Igrejas tenham sempre se preocupado com as guerras
e crimes e suas causas, a injustiça, a desigualdade, o racismo e a discriminação persistem
na Guatemala” – denuncia o presidente do Conselho, Vitalino Similox.
Para ele,
o país precisa de um “Estado forte”, que responda às necessidades básicas de seus
habitantes, garanta uma melhor distribuição da renda e o pagamento dos impostos por
parte dos mais ricos. “A pouca atenção aos pobres (metade dos 14 milhões de guatemaltecos)
gera apatia, desilusão, desconfiança, intolerância e despreocupação pela dor do próximo”
– escrevem em comunicado.
O Conselho Ecumênico aponta os três grandes problemas
pendentes da agenda de paz: a violência, o aumento do crime organizado e a agressão
ao meio ambiente.
Para melhorar a qualidade de vida do povo, o Conselho recomenda
ao Estado que priorize a despesa e os serviços sociais, favoreça o desenvolvimento
rural e o exercício dos direitos dos povos indígenas.
O ato público na catedral
foi uma das atividades comemorativas do 13º aniversário da assinatura dos Acordos
de Paz de 29 de dezembro de 1996. (CM)