COPENHAGUE: SANTA SÉ ANALISA O QUE IMPEDIU O ACORDO
Copenhague, 19 dez (RV) - Nada resolvido. O resultado das últimas horas confirmou
as previsões feitas no início das negociações da conferência da ONU sobre mudança
climática em Copenhague. Após horas de exaustivas reuniões, alguns líderes, entre
eles o presidente brasileiro, concordaram somente uma fórmula para verificação das
ações de mitigação (corte de gases-estufa).
Interesses nacionais contrastantes
e predomínio de políticas energéticas: estes são alguns dos fatores que impediram
um acordo sobre o clima denunciados pelo chefe da delegação vaticana em Copenhague,
Arcebispo Celestino Migliore.
Ao tomar a palavra na conferência, ele recordou
que as soluções técnicas, necessárias, não podem resolver o problema, pois se necessita
de responsabilidade, educação e estilos de vida que respeitem a Criação. Dom Migliore
falou da "crise moral pela qual a humanidade está passando", a mesma crise que se
vive no âmbito da economia, dos recursos alimentares e do meio ambiente, e no âmbito
social.
Em entrevista, ontem, à nossa emissora, o arcebispo falou da dificuldade
de se chegar a um acordo em nível mundial: "Existe realmente uma grande dificuldade
em se chegar a uma vontade política comum. A Santa Sé, em seu pronunciamento, relevou
que, avaliando todas as análises feitas sobre este fenômeno, há uma grande convergência
sobre o fato de que para além dos dados estatísticos, de questões tecnológicas e de
quantias a se investir ou índices de emissões de gases de efeito-estufa, há uma questão
fundamental: o de iniciarmos uma avaliação do nosso sistema econômico, do nosso sistema
de produção e de consumo".
"Isso – concluiu o arcebispo –, obviamente, requer
contribuições dos planos moral, educativo e formativo, que devem acompanhar as questões
mais técnicas para resolver o problema do aquecimento global." (BF)