PAPA ADVERTE: HOJE SE COMUNICA MUITO, E SE DIZ POUCO
Cidade do Vaticano, 16 dez (RV) – Na Sala Paulo VI, Bento XVI acolheu fiéis
e peregrinos, esta quarta-feira, para a Audiência Geral.
Em sua catequese,
o papa prosseguiu falando sobre personalidades eminentes do século doze. Hoje, falou
sobre João de Salisbúria, nascido na Inglaterra, no início daquele século.
Ele
recebeu sua formação nas escolas mais importantes da época, ou seja, Paris e Chartres.
Completados seus estudos, foi conselheiro dos distintos prelados da sé de Cantuária,
colocando à disposição deles seus amplos conhecimentos e seus dotes diplomáticos.
Já idoso, foi eleito bispo de Chartres, onde exerceu seu ministério até sua morte.
Das obras de João de Salisbúria, duas se destacam por sua atualidade. A primeira,
intitulada Metaloghicon, é centralizada na defesa da cultura como a conjunção
entre a eloqüência e a sabedoria. Hoje, os inúmeros instrumentos e meios de comunicação
necessitam de mensagens dotadas de sabedoria e inspirados na verdade.
Na segunda
obra, dedicada ao homem de governo, e intitulada Polycráticus, sobressai o
tema da relação entre a lei natural e o ordenamento jurídico. Colocar no centro de
toda a ação social a verdade objetiva do homem continua sendo uma necessidade iniludível.
Para Bento XVI, passados novecentos anos, o homem de hoje têm desafios e problemas
idênticos aos da época em que João de Salisbúria escreveu suas obras.
"Por
exemplo, comunicar muito e dizer pouco. As nossas palavras devem ser ricas de sabedoria,
isto é, inspiradas pela verdade, a bondade e a beleza. Muitos, em nossos dias, pensam
que a razão pode ter opiniões, mas não certezas; e, menos ainda, certezas comuns a
todos. Defendem que tudo é relativo. Mas não! Segundo João, o nosso teólogo e bispo,
existe também uma verdade objetiva e imutável, que tem a sua origem em Deus e foi,
por Ele, semeada nas suas criaturas. É acessível à razão humana e tem a ver com a
vida prática e social. Trata-se de uma lei natural, na qual se devem inspirar as leis
positivas da sociedade para promoverem o bem comum."
No final da catequese,
o papa os presentes em vários línguas, entre as quais em português: "Saúdo, com
afeto, a todos vós, amados peregrinos de língua portuguesa, desejando que vos deixeis
guiar pela voz de Deus que vos chama, através da consciência, a uma vida santa e rica
de boas obras. Confiando à Virgem Mãe esta vossa peregrinação que vos prepara para
o Natal, invoco, com a minha Bênção sobre os vossos passos e a vossa família, a abundância
das graças do divino Salvador". (BF)