MONS. LANCELLOTTI: POVO DE RUA É CIDADÃO, MAS PARA QUEM TEM FÉ, É NOSSO IRMÃO
Cidade do Vaticano, 11 dez (RV) – As chuvas que atingiram São Paulo nos últimos
dias já provocaram pelos menos 23 mortos.
Além de causar alagamentos, interditar
imóveis e escolas e paralisar um trânsito em si já caótico, as enchentes têm consequências
ainda mais devastadoras para as pessoas sem moradia fixa, segundo o coordenador do
Vicariato Episcopal do Povo de Rua, Mons. Júlio Lancellotti: "Eles ficam completamente
expostos e mais visíveis neste momento, porque ficam molhados e famintos".
Em
entrevista ao Programa Brasileira, ele comenta as palavras pronunciadas por Bento
XVI terça-feira passada, na Praça de Espanha, na Solenidade da Imaculada Conceição
de Maria. Falando das grandes cidades, e São Paulo é uma delas, o papa disse que estão
poluídas espiritualmente, pois as pessoas invisíveis precisam viver, ou melhor, sobreviver,
em um mecanismo perverso.
Mons. Júlio denuncia o comportamento de muitos cristãos,
que são insensíveis aos sofrimentos do povo de rua, e a truculência dos agentes de
segurança, como uma das principais violações cometidas aos seus direitos: "O povo
de rua é cidadão. Para quem tem fé, é nosso irmão".
Falando do tempo do Advento,
Mons. Lancellotti falou que o grande conforto do povo de rua é saber que Jesus nasceu
debaixo do viaduto, na calçada: "Quando eles olham para o presépio, dizem: parece
conosco. Jesus é igual a nós, ficou ao relento, sem guarita nem proteção, e é acolhido
pelos pastores, que também vivem nas ruas".
Ele estima que nas ruas de São
Paulo vivam 12 mil pessoas.