Dar prioridade aos povos que lutam pela sobrevivência : comunicado da Caritas Portuguesa
a propósito da Cimeira de Copenhaga
(10/12/2009) A Cáritas portuguesa considera que a vida das populações carenciadas
é mais importante do que as medidas que visam a preservação do meio ambiente, embora
ambas sejam “necessárias, urgentes e complementares”. Em comunicado emitido a propósito
da Cimeira de Copenhaga, a instituição que promove e dinamiza a acção social da Igreja
declara que “deixar de considerar prioritário o auxílio a todos os povos que lutam
desesperadamente pela sobrevivência é não perceber que só tem sentido salvar a Terra
salvando os homens que aqui habitam”. Neste sentido, a Cáritas exorta os governantes
nacionais a “não descurarem as suas obrigações políticas”, nomeadamente com “os povos
subdesenvolvidos”. O “repto” dirige-se também “aos portugueses”, “para que sejam,
todos e cada um, agentes da mudança que se pede”. “É aí, em cada um de nós, que deve
ter origem essa revolução que se exige”, indicam os responsáveis daquele Organismo. Já
em Outubro a Cáritas havia enviado uma carta ao primeiro-ministro, em que alertava
para as consequências da redução da ajuda aos países com mais dificuldades. Essa
opção, indicava o texto remetido a José Sócrates, pode “comprometer” os Objectivos
de Desenvolvimento do Milénio, “facto que não deixa de ser bastante preocupante, por
acarretar, igualmente, gravosos prejuízos para o futuro da humanidade”. Para dar
maior ênfase à mudança ambiental, a Cáritas associa-se ao movimento internacional
que, a 13 de Dezembro, às 14 horas de Lisboa, apela ao toque dos sinos das igrejas
em todo o mundo. A instituição convida “todos os portugueses e portuguesas a juntarem-se
a este gesto com os seus próprios sinos, tambores, apitos e outros instrumentos, como
toque de alarme das consciências da própria humanidade”. O apelo à mobilização
das Igrejas e das populações ganha maior importância por ter começado a circular,
na Cimeira de Copenhaga, um documento que poderá colocar em risco os resultados da
reunião planeada para discutir o clima do planeta nas próximas décadas. O projecto
dinamarquês prevê conceder mais poder aos países ricos, remetendo as Nações Unidas
para um lugar secundário nas futuras negociações sobre alterações climáticas.