2009-12-09 12:26:58

A VOZ DE ANCHIETA


Cidade do Vaticano, 09 dez (RV) - Cada dia 9 do mês o Programa Brasileiro da Rádio Vaticano dedicará um espaço à Voz de Anchieta, para recordar esse grande Apóstolo do Brasil.

ORAÇÃO DA MÃE AO FILHO RECÉM-NASCIDO

Como sabemos, o poema abaixo, o maior já escrito em louvor à Virgem Maria, possui 5785 versos e veio à luz nas praias de Ubatuba, na época Iperoig, no litoral paulista. Seu autor, Pe. Anchieta, estava com 29 anos e ainda não era sacerdote.

Ele passou cinco meses nessa região, como prisioneiro dos índios tamoios. Por causa das animosidades e até guerras entre os portugueses e os índios, Pe. Nóbrega e Anchieta se entregaram como reféns aos tamoios.

Passado um tempo, Pe. Nóbrega voltou para São Vicente e, com lágrimas, deixou sozinho o jovem Anchieta.

Este, vendo o que acontecia aos demais prisioneiros, que eram comidos em banquetes de amizade entre os indígenas e por estar sofrendo muito assédio por parte das índias, resolveu pedir a proteção de Nossa Senhora para sua vida e para sua castidade, prometendo lhe dedicar um poema. Sabendo que Maria o protegeria, começou a escrevê-lo imediatamente.

Os versos que comentaremos integram a seção dedicada ao Natal.

“Tu vestes o céu de estrelas
e os animais de variadas peles,
os campos de gramados verdes.
E tu, nu a vagir e a tremer no duro chão...
a expremer-te lágrimas das ternas pálpebras
o despiedado inverno?

Ó meu Filho, glória do céu, igual ao Pai celeste,
que nasceste tão belo do meu seio!
O minha felicidade, que dor atroz me punge
as entranhas de Mãe,
ao ver-te em tais tormentos!
Tu ao homem dás vida,
pasto aos animais, cibato às aves
e até aos vermezinhos se estende a tua mão.

E, agora, te atormentam
a impiedosa fome e sede ardente:
é tão escasso o sustento que meus peitos te dão!
Eia, belo Infante,
esgota este meu peito que transborda:
sorve, filho, o leite de tua mãe!
Prenda de teu Pai, jorra do peito
para matar a sede que te abrasa os lábios.
A chama do teu amor derrete-me as entranhas
e um calor melífluo me penetra os ossos,
ao contemplar-te, autor da vida, de labiozinhos presos ao meu peito
a sugar o teu sustento humilde.
Eis que, no leito de meus braços, eu te sustento,
Homem-Deus, glória dos altos céus!”

O Apóstolo traduz, nos primeiros versos, a consternação do coração de Maria ao ver seu filho, o Rei do Universo, nascer em uma pobreza imensa.

Não apenas dói no coração de mãe a rudeza do local, mas ver a que ficou reduzido, por causa da viagem inesperada, o singelo enxovalzinho de seu bebê.

E ele, seu neném, foi quem criou tudo e tudo revestiu com beleza imensa.

Ao mesmo tempo, Maria conversa com seu filho. É sua oração de mãe! Ela, dentro de sua humildade, diz a Jesus que o leite que possui, que é seu alimento, foi dado pelo Pai.

Finalizando este texto, temos Maria fazendo de seus braços, o leito de seu filho criança, muito semelhante ao que fará anos mais tarde, portando no colo seu corpo inerte.

Maria, a Mãe, a que sempre ofertou seu Filho ao Pai, para nossa salvação! RealAudioMP3







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