ATENTADO NA SOMÁLIA: PASSAR DAS PALAVRAS AOS FATOS
Mogadíscio, 04 dez (RV) - O administrador apostólico da capital da Somália,
Mogadíscio, Dom Giorgio Bertin, condenou ontem o atentado em que três ministros do
governo de transição foram assassinados.
"A comunidade internacional deve passar
das declarações aos fatos: é preciso um esforço coordenado, sobretudo por parte da
ONU, da União Africana, da Liga Árabe e da Liga Islâmica" – disse o bispo, em declarações
à Agência Fides.
Na manhã de ontem, durante a cerimônia de formatura de alguns
estudantes da Universidade Benadir, a explosão de uma bomba provocou dezenas de mortos.
Entre as vítimas, estão os ministros da Saúde, Qamar Aden Ali, da Educação, Ahmad
Abdullah, e o das Universidades e líderes das Cortes Islâmicas, Ibrahim Addo.
O
atentado ocorre no momento em que os Shebaab, a milícia islâmica ligada a Al Qaida,
continua a conquistar terreno, sobretudo depois de ter liquidado o grupo rival, Hisbul
Islam.
Deste modo, o governo de transição, apoiado pela missão da União Africana
na Somália (AMISOM), aparece sempre mais frágil: "A comunidade internacional iniciou
uma operação para contrastar a pirataria no mar, mas é preciso intervir na terra,
onde os piratas têm suas bases. Também é necessário um esforço maior para ajudar o
governo de transição, que é reconhecido em nível internacional, iniciando com o bloqueio
dos fluxos de armas, de financiamentos e de homens do Shebaab" – declarou Dom Bertin.
Para o bispo, o problema reside no fato de que enquanto se discute em Djibuti
para formar o governo, na Somália os Shabaab conquistam com a força o território.
"Mas, a meu ver, não conquistaram o coração e a mente dos somalis. A população aceitou
sua presença porque eles garantem um mínimo de ordem, mas não é uma convicta aliada
de seu projeto político" – explicou. (BF)