Advento, tempo de alegria interiorizada. Deus vem. Ele está presente: Bento XVI na
homilia de I Vésperas do I domingo deste tempo litúrgico
(28/11/2009) Esta tarde, na Basílica de São Pedro Bento XVI presidiu a celebração
das primeiras Vésperas do I Domingo do Advento A homilia do Papa concentrou-se
no sentido da palavra “vinda” (em latim, “adventus”), contida no Leitura breve proclamada,
extraída da I Carta aos Tessalonicenses, em que o apóstolo Paulo nos convida a preparar
a “vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”. Classificando o Advento como “tempo da presença
e da expectativa do eterno”, Bento XVI observou que precisamente por isso é, de modo
especial, tempo de alegria, de uma alegria interiorizada. Partindo, como dizíamos,
da palavra Advento (em latim “adventus”), que se pode traduzir por “presença”, “chegada”,
“vinda”, o Papa fez notar que no mundo antigo, era o termo técnico para indicar a
chegada de um funcionário, ou a visita de um rei ou imperador. Podia indicar também
a vinda de uma divindade, que sai do escondimento para manifestar a sua potência,
ou que é celebrada no culto. Usando esta palavra desde o início da historia da Igreja
, os cristãos queriam substancialmente dizer: “Deus está aqui, não se retirou
do mundo, não nos deixou sós. Embora não o possamos ver e tocar, como acontece com
as realidades sensíveis, Ele está aqui e vem visitar-nos de múltiplos modos”. Portanto,
prosseguiu Bento XVI, nesta breve homilia, a expressão “advento” inclui também a
ideia de “visita”, visita de Deus. Deus entra na minha vida e quer dirigir-se a mim.
Por outro lado, todos fazemos, dia a dia, a experiência de ter pouco tempo para o
Senhor, e pouco tempo para nós. Tantas vezes andamos dominados, possuídos, pelas actividades,
pelo “fazer”. “O Advento, este tempo litúrgico forte, que estamos a iniciar,
convida-nos a determo-nos em silêncio para sentir uma presença. É um convite a compreender
que cada um dos acontecimentos da jornada são acenos que Deus nos dirige, sinais da
atenção que Ele tem por cada um de nós. Quantas vezes Deus nos deixa transparecer
qualquer coisa do seu amor!. Manter um “diário interior” (digamos assim) deste amor,
seria uma tarefa bela e salutar para a nossa vida!” Outro elemento fundamental
do Advento – observou ainda o Papa – é a espera, expectativa, que é ao mesmo tempo
‘esperança’. O Advento estimula-nos a captar o sentido do tempo e da história como
‘kairós’, como ocasião favorável para a nossa salvação. “O homem, na sua vida, está
permanentemente em expectativa, à espera: quando é criança, quer crescer; como adulto,
tende à realização e ao sucesso; avançando na idade, aspira a um merecido repouso.
Mas chega um momento em que descobre que esperou demasiado pouco de si mesmo; para
além da profissão e da posição social, nada lhe resta para esperar”. “A esperança
marca o caminho da humanidade. Mas, para os cristãos, a esperança encontra-se animada
por uma certeza: que o Senhor está presente no fluir da nossa vida, Ele acompanha-nos
e um dia enxugará as nossas lágrimas. Um dia, não muito distante, tudo encontrará
o seu cumprimento, no Reino de Deus, Reino de justiça e de paz”. Assim, para o
cristão, o tempo é dotado de sentido, em cada instante advertimos qualquer coisa de
específico e de válido. E a alegria da expectativa torna o presente mais precioso
– observou Bento XVI, que convidou os fiéis a “viver intensamente o presente”,
com os dons do Senhor que comporta, “projectados para o futuro, um futuro denso de
esperança”. “Se Jesus está presente, já não existe qualquer momento privado de
sentido, ou vazio. Se Ele está presente, podemos continuar a esperar mesmo quando
os outros já não são capazes de nos ajudar, mesmo quando o presente se torna difícil,
árduo. “O Advento – concluiu Bento XVI – é o tempo da presença e da expectativa
do eterno. Precisamente por esta razão é, de modo particular, o tempo da alegria,
de uma alegria interiorizada, que nenhum sofrimento pode cancelar. A alegria pelo
facto de que Deus se fez menino. É esta alegria, invisivelmente presente em nós, que
nos encoraja a caminhar confiantes”.