2009-11-27 20:19:21

PAZ, JUSTIÇA E QUESTÕES ÉTICAS: A MEDIAÇÃO DA SANTA SÉ NO MUNDO DE HOJE


Cidade do Vaticano, 27 nov (RV) - Bento XVI receberá em audiência neste sábado – como já noticiado – as presidentes do Chile e da Argentina, Michelle Bachelet Jeria e Cristina Fernández de Kirchner, respectivamente, para celebrar o 25º aniversário do Tratado de Paz e Amizade entre os dois países; seis anos após a mediação pontifícia que evitou um conflito entre as duas nações. A Rádio Vaticano procurou saber do observador permanente da Santa Sé no escritório da ONU em Genebra, na Suíça, o arcebispo Dom Silvano Maria Tomasi, qual diferencial a Igreja pode oferecer para favorecer o caminho do diálogo no mundo de hoje:

Dom Silvano Maria Tomasi:- "O diferencial que a Santa Sé oferece é substancialmente uma visão da pessoa humana que transcende os confins dos Estados e os confins dos interesses e abre à solidariedade e à capacidade de reconhecer-nos todos como membros da mesma família humana. Trata-se da mensagem de fraternidade, da mensagem de solidariedade que é projetada do ensino da Doutrina social da Igreja, do comportamento das Igrejas, também locais, que sempre buscam transcender a si mesmas para alargar o alcance a toda a família humana, é a fonte da credibilidade da Igreja e da Santa Sé no intervir em situações difíceis. A meu ver – continua Dom Tomasi – há também outro aspecto que devemos levar em consideração, essa capacidade de mediação que a Santa Sé pode oferecer: trata-se do trabalho diário que as nunciaturas fazem, o trabalho que se faz no contexto internacional. Portanto, o papel substancial da presença da Santa Sé é defender a dignidade da pessoa humana. É um ponto de partida, uma espécie de plataforma sobre a qual se rege todo o sistema das relações internacionais."

P. Bento XVI recorda-nos em sua última encíclica – Caritas in veritate – que num tempo de globalização é necessário também e, sobretudo, promover um desenvolvimento integral da pessoa, bem como dos povos. Também nesse sentido há uma capacidade de proposta peculiar da Igreja?

Dom Silvano Maria Tomasi:- "Torna-se quase um refrão – nos pronunciamentos que procuramos fazer no contexto internacional – dizer que se quisermos realmente salvaguardar o bem-estar de todos, portanto, dos países ricos e pobres, das várias categorias de pessoas, dos vários grupos étnicos, é preciso que concebamos que o desenvolvimento não se limita à dimensão econômica ou à dimensão técnica, mas inclui os valores fundamentais das pessoas, como a espiritualidade, o sentido da criatividade... Essa proposta que a Santa Sé faz não se fecha a uma dimensão única do desenvolvimento, mas vai além da tecnologia e da economia para dizer que, se quisermos trazer o bem-estar, devemos levar em consideração aquilo que realmente faz com que as pessoas se empenhem, sejam responsáveis. Existe uma riqueza, um patrimônio muito rico não somente de idéias, mas de experiências e boas práticas que temos em nossa tradição cristã, que podemos colocar a serviço de toda a família humana e que é o caminho para se chegar realmente a esse desenvolvimento integral." (RL)







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