Bariloche, 25 nov (RV) - Os dez bispos chilenos e argentinos que vivem na Patagônia
escreveram uma carta ao secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, em vista
da Cúpula da ONU de Copenhague sobre mudanças climáticas, em dezembro próximo.
Os
bispos pedem que o tema da água integre a agenda dos líderes políticos e tenha uma
importância relevante nos Tratados pós-Kyoto. Eles recordam que a água doce é um elemento
vital e fonte de vida, que não pode ser substituído. Sendo dom de Deus e fonte de
vida, a água é, portanto, um direito humano, patrimônio comum da humanidade, que não
pode ser privatizada nem mercantilizada.
Preocupados com a crise em todo o
planeta, os bispos propõem a criação de um "Plano Mundial de Água", em que se promova
em todos os países a gestão da água com participação do setor público, do setor privado
e de comunidades e organismos locais.
Para os prelados, a ONU deve cooperar
para impulsionar e promover uma cultura da vida e da austeridade mais incisiva, sobretudo
onde a cultura consumista é mais depredadora, e para que a água não seja o símbolo
e o meio de novas colonizações e escravidões do século XXI.
Os bispos da Patagônia
escreveram a Ban Ki-moon porque se declaram "sensivelmente preocupados" pelas ameaças
que a região sofre devido a projetos de mineração, hidrelétricos, agrícolas, florestais
e até nucleares, que feririam grave e irreversivelmente a natureza e a vida humana
desta 'reserva de vida' do planeta:
"Agradecidos e satisfeitos por viver na
Patagônia, terra exuberante abençoada por Deus, à qual amamos como povos, e por isso
queremos proteger, cuidar e respeitar" – declaram os prelados. (BF)