Roma, 23 nov (RV) - “A Igreja continuará a sua obra de evangelização e de testemunho
cristão além da promoção humana. Quanto ao resto é difícil fazer previsões”: foi o
que disse a agência Fides o arcebispo de Cartum, capital do Sudão, Cardeal Gabriel
Zubeir Wako, falando sobre as próximas eleições e referendos sudaneses. Em 2010 se
realizarão as eleições políticas e presidenciais, enquanto em 2011 está previsto o
referendo com o qual as populações do sul do Sudão decidirão se permanecer ligadas
ao um Sudão unitário ou criar um Estado independente.
Com a aproximação da
data do referendo, previsto pelo Acordo Compreensivo de Paz (CPA) de 2005, está aumentando
a tensão nas regiões do sul. Nos últimos meses verificaram-se vários confrontos entre
as populações do sul. Somente nos últimos dias mais de 50 pessoas foram mortas e cerca
de vinte ficaram feridas no sul do Sudão e em Darfur.
“Estes confrontos – afirma
o Cardeal Zubeir Wako – foram provocados por alguém que tem interesse em aumentar
a tensão no sul do país. Quem forneceu armas às populações dos povoados? As pessoas
não estão armadas com lanças mas com armas automáticas. Temo que não exista a vontade
por parte de todos de respeitar o acordo de paz. Ocorre convencer tanto o governo
central de Cartum quanto o governo do sul do Sudão a aplicar o Acordo em todos os
seus aspectos”.
O cardeal acrescenta que “os sudaneses não querem uma nova
guerra civil entre norte e sul, porque conhecem bem os horrores da guerra, que se
concluiu recentemente. Espero somente que não intervenham interesses externos, ligados
ao petróleo, que causa novas tensões que podem chegar a um conflito”.
No que
diz respeito ao Darfur, a região ocidental do Sudão, desde 2003 teatro de confrontos
entre exército, milícias filo-governamentais e diferentes grupos de guerrilha, o Cardeal
Zubeir Wako afirma: “a comunidade internacional está presente na região com uma força
de paz mista ONU-União Africana mas não parece que faça muito para proteger a população
local”. (SP)