A Cruz - sinal paradoxal da realeza de Cristo, vitória do amor de Deus. O "poder"
real de Cristo é o poder do Amor: Bento XVI no Angelus dominical
(22/11/2009) O “poder” de Cristo Rei “é o poder do Amor”, capaz de tirar o bem do
mal e enternecer um coração endurecido, de levar a paz ao meio dos conflitos e despertar
a esperança mesmo nas situações mais sombrias. É um “Reino” que nunca se impõe, pois
respeita sempre a nossa liberdade. Reflexões de Bento XVI neste domingo ao meio-dia,
na Praça de São Pedro, por ocasião do Angelus, a propósito da celebração da solenidade
de Cristo Rei do Universo. Depois das Ave Marias, o Papa evocou ainda a beatificação,
neste domingo, em Nazareth, na Terra Santa, da Irmã Maria Alfonsina Gattas, natural
de Jerusalém, que fundou uma congregação religiosa destinada a mulheres da terra de
Jesus. Recordadas também as monjas de clausura. Bento XVI começou por observar
que esta solenidade litúrgica, embora de instituição relativamente recente, tem profundas
raízes bíblicas e teológicas. O título de “rei”, referido por Jesus, é muito importante
nos Evangelhos e permite uma leitura global da sua figura e da sua missão de salvação.
Partindo da expressão “rei dos Judeus”, chega-se à de rei universal, Senhor do cosmos
e da história, muito para além das expectativas do próprio povo hebraico.
“É
a cruz o sinal paradoxal da sua realeza, que consiste na vitória da vontade de amor
de Deus Pai sobre a desobediência do pecado. É precisamente oferecendo-se a si mesmo
no sacrifício de expiação que Jesus se torna o Rei universal, como Ele próprio declarará
ao aparecer aos Apóstolos depois da ressurreição. ‘A mim foi-me dado todo o poder
no céu e na terra’.” Mas em que coisa consiste o “poder” real de Jesus? – interrogou-se
o Papa. “Não é o poder dos reis e dos grandes deste mundo. É o poder divino de dar
a vida eterna, de libertar do mal, de derrotar o domínio da morte.” “É o poder do
Amor, que sabe tirar o bem do mal, enternecer um coração endurecido, levar a paz ao
mais áspero conflito, acender a esperança na escuridão mais tenebrosa. Este Reino
de Graça nunca se impõe, e respeita sempre a nossa liberdade”.
Após as Ave
Marias, Bento XVI invocou a beatificação, neste domingo, em Nazareth, da Irmã Maria
Alfonsina Ghattas, nascida em Jerusalém, em 1843, de uma família cristã. “Teve
o mérito de fundar uma Congregação formada só por mulheres do lugar, para o ensino
religioso, para vencer o analfabetismo e elevar as condições da mulher daquele tempo
na terra onde o próprio Jesus exaltou a dignidade delas. Ponto central da espiritualidade
da nova Bem-aventurada é a intensa devoção à Virgem Maria, modelo luminoso de vida
inteiramente consagrada a Deus”. Para a Beata Maria Alfonsina, sublinhou o Papa, “o
Santo Rosário era a sua oração contínua, a sua âncora de salvação, a sua fonte de
graças”. “A beatificação desta tão significativa figura de mulher é de particular
conforto para a Comunidade católica na Terra Santa e um convite a confiarmo-nos sempre,
com firme esperança, à Divina Providência e à materna protecção de Maria”. A
concluir, o Santo Padre referiu ainda a celebração, neste sábado, 21 de Novembro,
memória da Apresentação de Maria ao Templo, a “Jornada pro orantibus, a favor
das monjas de clausura. Dirigindo-lhes uma especial saudação, Bento XVI convidou todos
a ajudar à sustentação das mesmas, nas suas necessidades. E agradeceu publicamente
as comunidades monásticas que se têm sucedido, no pequeno mosteiro do interior da
Cidade do Vaticano: Clarissas, Carmelitas, Beneditinas e agora, desde há pouco tempo,
Visitandinas.