EDITORIAL DA SEMANA: JOSÉ DE ANCHIETA E OS NEGROS AFRICANOS NO BRASIL
Cidade do Vaticano, 21 nov (RV) - Neste ano em que o Santo Padre foi à África,
em que tivemos o Sínodo especial para esse Continente e o corpo diplomático brasileiro,
que está em Roma, promoveu um colóquio sobre o Pe. Anchieta, o Dia da Consciência
Negra deste ano não poderia deixar de ser comemorado à luz da ação pastoral do Apóstolo
do Brasil.
Muito se ouve falar de que José de Anchieta não conheceu, não
conviveu com os negros africanos, mas apenas com os indígenas. Contudo pelo menos
três de suas cartas, quando era Provincial do Brasil, dirigidas ao Pe. Geral Cláudio
Acquaviva, uma escrita em 1582 e duas em 1584, nos provam o contrário:
Anchieta
conviveu com os africanos e cuidou de sua catequização, batismo e vida espiritual.
Ele fala do tratamento dado aos escravos vindos da Guiné e diz que só em 1582 entraram
mais de dois mil, só em Salvador. Ele comenta o estado de saúde, o trabalho catequético
desenvolvido com os que sobreviveram à travessia, a criação da Confraria do Rosário.
Nas fazendas, engenhos e vilas realizava-se um trabalho pastoral.
Anchieta
escreve que nas missões com os africanos, em 1584, 190 foram batizados, 160 se uniram
pelo sacramento do matrimônio e foram ouvidas 5. 307 confissões. Portanto, a conscientização
da dignidade da raça negra e o olhar para homens e mulheres - a ela pertencentes -
como filhos de Deus, foi o tratamento dado por Anchieta, desde 1582, quando encontrou,
no Brasil, os africanos.
Anchieta amou a todos como filhos do único Pai.
Devotou-se também ao trabalho com os negros e amou a raça negra como um dom do Criador
à Humanidade.