APELO DO PAPA EM FAVOR DOS SURDOS: SOCIEDADE DEFENDA SEUS DIREITOS
Cidade do Vaticano, 20 nov (RV) - A comunidade internacional faça tudo que
for necessário para que as pessoas atingidas pela surdez – particularmente nas nações
pobres – não padeçam discriminações, mas sejam plenamente integradas nas sociedades
em que vivem.
Esse foi o apelo com o qual Bento XVI encerrou o seu discurso
aos participantes da Conferência internacional organizada no Vaticano pelo Pontifício
Conselho da Pastoral para os Agentes de Saúde, com o tema "Effatà! A pessoa surda
na vida da Igreja", que se concluirá neste sábado.
O papa defendeu o trabalho
das associações comprometidas no setor, muitas vezes vítimas de preconceitos, e convidou
a promover iniciativas de solidariedade para com os surdos.
Diante de cerca
de 400 participantes reunidos na Sala Clementina, no Vaticano, o Santo Padre evocou
o episódio do Evangelho no qual Jesus cura um surdo-mudo.
A cena é comovente
como todas as cenas em que os olhos de Jesus se cruzam com os de um enfermo: um homem
surdo-mudo, apartado da multidão da qual faz parte, mas da qual é também excluído,
e depois, os gestos concretos, diretos – os dedos nas orelhas, a saliva que toca a
língua – e o sopro que é, ao mesmo tempo, oração e prodígio: "Effatà! Abre-te!"
O
pontífice ressaltou a atitude de proximidade e de compreensão de Jesus para com o
surdo-mudo, a atitude de "interesse concreto" e, sobretudo, de "profunda compaixão".
A
mesma atitude que qualquer um deve ter para com quem é atingido pela surdez, que reveste
aspectos médicos e psicológicos, como também éticos, além de pastorais – observou
o papa – ainda mais evidentes nos países em via de desenvolvimento, onde a "grave
situação" – frisou – é conseqüência também da carência de "acesso aos tratamentos
de saúde":
"Portanto, faço apelo às autoridades políticas e civis, bem como
aos organismos internacionais, a fim de que ofereçam a ajuda necessária para promover,
também nesses países, o devido respeito pela dignidade e pelos direitos das pessoas
surdas, favorecendo, com ajudas adequadas, a sua plena integração social."
Bento
XVI ressaltou que a exemplo de Cristo, a Igreja é protagonista, "com amor e solidariedade",
de numerosas "iniciativas pastorais e sociais" voltadas para as pessoas surdas. Um
sinal – reiterou – daquele desejo de Cristo "de vencer no homem a solidão e a incomunicabilidade
criadas pelo egoísmo, para dar feição a uma "nova humanidade", a humanidade da escuta
e da palavra, do diálogo, da comunicação, da comunhão com Deus:
"Queridos irmãos
e irmãs surdos, vocês não são somente destinatários do anúncio da mensagem evangélica,
vocês são, plenamente, por causa de seu Batismo, também anunciadores. Portanto, vivam
cada dia como testemunhas do Senhor nos ambientes de sua existência, fazendo conhecer
Cristo e o seu Evangelho (...) Caros amigos, agradeço-lhes por este encontro e confio
todos vocês aqui presentes à materna proteção de Maria Mãe do amor, Estrela da esperança,
Nossa Senhora do Silêncio." (RL)