VATICANO SOBRE CÚPULA DA FAO: SERVIU PARA RECORDAR QUE HÁ QUEM MORRE DE FOME
Roma, 19 nov (RV) - A cúpula mundial sobre a segurança alimentar – realizada
esta semana na sede da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura)
– concluiu-se sem nenhum compromisso concreto para debelar a fome. O próprio diretor-geral
da FAO, o senegalês Jacques Diouf, não escondeu sua insatisfação e pesar: "não foi
como eu queria" – confiou aos jornalistas.
Diouf explicou que a fome é um problema
social econômico, financeiro e cultural, e, ao invés, "saímos do tema reduzindo o
debate mais ao nível técnico" – disse. O diretor-geral da FAO acusou os líderes dos
países ocidentais de terem desertado a cúpula, reiterando a desilusão pela falta na
Declaração final de cifras concretas e prazos para eliminar a fome.
Mas os
esforços para organizar a cúpula não foram vãos – acrescentou. Também o observador
permanente da Santa Sé na FAO, Mons. Renato Volante, expressou parecer análogo em
entrevista concedida à Rádio Vaticano. Eis o que disse:
Mons. Renato Volante:-
"A primeira finalidade da cúpula era atrair e renovar a atenção sobre o problema da
fome no mundo. Trata-se de aprofundar, estudar, examinar os modos, a fim de que esse
grande flagelo, que pode facilmente ser eliminado, seja efetivamente eliminado. Há
alimento suficiente para todos os homens, mulheres, crianças, idosos do mundo inteiro.
Há alimento mais que suficiente. Esse alimento é desperdiçado. A minha idéia pessoal
sobre essas cúpulas é que elas servem para chamar a atenção das pessoas – a minha,
a sua, a atenção de cada pessoa, de cada consciência – sobre um problema dramático
e vergonhoso que nos envolve a todos e que nós, para a nossa tranqüilidade, desejamos
esquecer. Não queremos pensar nisso – é muito simples – porque nos envergonhamos,
porque nos entristece, nos angustia saber que a cada seis segundos uma criança morre
de fome no mundo. Procuramos esquecer isso: é normal na psicologia de cada pessoa.
Esses encontros de cúpula servem para nos dizer isto: "Não, não podemos esquecer isso,
devemos nos recordar"." (RL)