Canberra, 18 nov (RV) - Depois das palavras do Premiê Kevin Rudd, que pediu
desculpas pelos sofrimentos causados às crianças aborígines entre 1930 e 1970, é a
vez da Igreja Católica australiana renovar o “mea culpa” em relação à chamada “stolen
generation”, a “geração roubada”. Em consonância com a ideologia colonialista
da época, que via a cultura local com desprezo, milhares de crianças foram extirpadas
de suas famílias, adotadas por brancos ou levadas a orfanatos e educadas à força,
muitas vezes, violadas ou mal-tratadas. Nos últimos dias, a Conferência Episcopal
deu sequência à importante postura assumida pelo governo australiano e admitiu as
próprias responsabilidades, pedindo desculpas à comunidade aborígine: “Sentimo-nos
amargurados pela dor causada se a palavra da Igreja negou ou minimizou o sofrimento
das vítimas” – declarou Dom Philip Wilson, presidente da Conferência Episcopal australiana,
recordando o documento “Towards Healing” (“Rumo à cura”), publicado em 1996, em que
a Igreja enfrentou a questão pedindo perdão por suas faltas. “Imploramos para que
o arrependimento expresso pelo governo possa ter um papel importante para cicatrizar
muitas feridas que ainda hoje existem na sociedade australiana” – continuou Dom Wilson
– auspiciando a plena reconciliação e integração das comunidades aborígines no tecido
social do país. Em audiência no Parlamento de Canberra, o Premiê Rudd admitiu
as culpas do governo pelo sofrimento de milhares de pessoas que tiveram sua infância
perdida ou violada, e resumiu o sentimento dos australianos afirmando que o país “se
sente desolado por aquela tragédia absoluta”. Atualmente, os aborígines na sociedade
australiana são cerca de 470 mil e a Igreja Católica atua junto à comunidade com diversos
programas de desenvolvimento humano, instrução e solidariedade. (CM)